Caros Senhores,
O debate peninsular que a Junta da Estremadura e a Academia Ágora levam a cabo neste encontro de Cáceres, revela-se para nós portugueses e LGBT do maior interesse.
Temos agora vários projectos comuns: o da União Europeia, o do diálogo Luso-Espanhol, e a conversão da Estremadura na charneira do Português em Espanha.
Na Estremadura como em Portugal acontecem muitas coisas que passam despercebidas nos meios de comunicação social respectivos. Não admira portanto que o interessante debate moderado por José Maria Nuñes, \’Orgulho ou Preconceito!\’que tem agora lugar, passe despercebido em Portugal, e fique assim, algo circunscrito a grupos restritos da burguesia ilustrada da capital portuguesa, o que não desejaríamos que acontecesse.
Muitas associações LGBT portuguesas gostariam de estar presentes neste primeiro grande encontro da percepção das homossexualidades nos nossos países.
A Associação Opus Gay é uma das que sempre tem defendido o diálogo Ibérico e já esteve por isso, presente em vários \’Encuentros Estatales \’ LGBT.
Reconhecemos, tal como temos vindo a afirmar, que muito teríamos a aprender com a experiência espanhola a despeito das enormes diferenças sociais, económicas, politicas e legislativas que existem entre os nossos dois países. Isso já nos levou a convidar representantes LGBT espanhóis para estarem presentes em Lisboa, aquando do1º Fórum Social Português.
Em Portugal a homofobia e a exclusão social são alguns dos grandes problemas que tem de ser enfrentados com a maior urgência pelo Governo, pela sociedade civil, e pelas organizações LGBT com responsabilidades repartidas, e em parcerias múltiplas.
Um recente inquérito de opinião publicado no passado dia 20 de Outubro, no Jornal \’Público\’, levado a efeito por cientistas da Universidade Católica Portuguesa, a despeito do discutivel critério de formulação das perguntas, abordando temáticas ditas fracturantes, apresentava, infelizmente, percentagens de adesão muitíssimo baixas. Isto a propósito do casamento entre pessoas dos mesmo sexo, da adopção homo parental, e até das \’uniões de facto\’, estas já legalizadas há anos, temas que em Espanha são considerados direitos verdadeiramente adquiridos. Entretanto, por falta de informação, legislação, e preconceito, estas questões continuam enquistadas, provocando o atraso do país na entrada da modernidade.
Saudando as entidades presentes na Palestra \’Orgulho ou Preconceito!\’, a Opus Gay manifesta a sua disponibilidade de vir a ser considerada uma parceira neste dialogo transfronteiriço, tendo até em conta o\’ Ano Europeu para a Igualdade de Oportunidades\’, 2007, sugerindo a realização de eventos em comum, particularmente, na charneira entre Portugal e Espanha.
Com os mais respeitosos cumprimentos.
Saudações LGBT
Valter Filipe. Presidente a Opus Gay