Projeto Tulipa, o algo bom para as Transgêneros Brasileiras

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Por Marccelus Bragg (http://portal.marccelus.com)
Descortina-se à nível nacional uma nova realidade para os transgêneros. Surge um novo mundo para as Tulipas Trans. É que neste momento o prato do dia para quem já foi e continua sendo vistas como as últimas da fila, está sendo feito no capricho. E o cardápio é composto por três iguarias: auto estima, organização e conscientização dos seus direitos.
E a receita é bem simples. E para que possamos todos partilhar deste grande banquete da cidadania, você precisa aceitar o nosso convite! Você é chamado[a]a ver os transgêneros – nem menos e nem mais – do que pessoas normais. Olha, não é fácil não! Mudar uma mentalidade preconceituosa da noite para o dia é difícil mesmo! Mas com boa vontade e fazendo um esforço para ver o próximo como a nós mesmo a coisa se torna fácil.
Por muito tempo a gente foi bombardeado com preconceitos e até mesmo no meio gay acostumou-se criminosamente a segregá-las do convívio mútuo. Muitas foram e continuam sendo, as portas fechadas para elas. Várias saunas, bares, restaurantes, boates, raves, festas e eventos dizem um enorme “NÃO” aos transexuais e aos travestis. Os motivos para os excluirem vão da simples intolerância, ignorãncia, transfobia [ódio e aversão aos trânsgeneros] ou maldade pura e simplesmente.
Sem falar que lá fora, nas ruas e para um travesti sobreviver é “matar um leão todos os dias”. Porque a sociedade ainda pisa e esmaga esta população de transexuais e não lhes dá oportunidade alguma, que não seja muitas vezes, a prostituição ou a marginalidade. E o mais cruel é que os inimigos da diversidade, aqueles que não aceita a beleza de uma sociedade plural, tecem uma rede de medos e de tabus com relação a essa gente. São os travestis injustamente rotulados de drogados, de promíscuos, de gente em que não se confia, de aliciadores, enfim, os atiram na requenguela dos valôres humanos.
Tudo uma falácia e uma desumanidade gritante. Neste encontro do Projeto Tulipa em Salvador o que se constatou foi a inteligência e a capacidade de todas elas. Uma gana por acertos jamais vista. E a sinceridade nos sentimentos e nas verdades de cada uma das participantes.
E para que dias melhores possam vir pela frente é que a ANTRA, a Articulação Nacional dos transgêneros com 40 subregionais, uma espécie de frente de luta pela dignidade das travestis, dos travestis e das transexuais, e se houver a necessidade de falar por elas, das transformistas e das drag queens, trouxe a Salvador/BA, representantes de 20 estados com o intuito básico de traçar estratégias para novas campanhas de conscientização.
E estas cidadãs trabalharam muito. Não pararam um só minuto de produzir. Pois o evento, que aconteceu entre os dias 08,09 e 10/07, intitulado II Seminário do Projeto Tulipa [Transgêneros Unidas na Luta Incansável para a Prevenção da Aids] teve como finalidade preparar as participantes para serem multiplicadoras deste Know How de conhecimentos: a luta pela inclusão social – nada de ficar de fora ou à margem da sociedade, uma melhor capacitação para a formação de novos núcleos de trans em seus respectivos estados de origem, alternativas de profissionalização em detrimento a prostituição, etc… E muitas lideranças contribuiram bastante neste Seminário.
Dentre elas a própria Keila Simpson, uma travesti maranhense, que radicada na Bahia e tarimbada na prática diária da conscientização trans, se tornou lider nata e representa, enquanto presidente, a ANTRA – Articulação Nacional das Transgêneros, Thatiane Araujo, presidente da ASTRA de Aracajú e representante do MEC do Grupo de Trabalho de Educação dos Direitos Humanos do Programa Brasil Sem Homofobia, Liza Minelli, presidente do Grupo Esperança de Curitiba para quem “nós travestis temos a nossa história e sabemos qual é o nosso lugar nesta história. Através de nossos olhos enxergamos uma realidade que só nós podemos interpretar. As nossas vidas cruzam com uma realidade nua e crua, escrita muitas vezes com o nosso sangue, vivendo da indiferença, do preconceito”. Hannah Suzart, que além de militante é uma artista reconhecida, Barbara Garner, Paula Costa do Grupo Flor do Mandacarú de Caucaia/CE, Fernanda Benvenucci, uma excepcional líder das travestis paraibanas e presidente da ASTRAPA. Luana Cotroff, a bem articulada e combativa presidente do ADEH/SC “É preciso colocar na prática todo o discurso absorvido na militância. É fazer do dia á dia sempre um degrau a mais rumo a nossa felicidade. E esta paz de espírito e auto estima só vem à partir do respeito.”. A linda e antenada Jeniffer de Criciúma/SC, A Sylvia do Grupo Diversidade de Boa Vista Roraima e mais transgêneros dos Centros Tulipas espalhados pelas cinco regiões do país. Da Bahia, vieram travestis de várias cidades, dentre elas, Camaçari, Feira de Santana, Ilhéus e Itabuna.
Além de trabalharem exaustivamente na elaboração de um Manual que servirá de ABC com o passo à passo para que qualquer travesti ou transexual deste Brasil saiba todos os seus direitos e a forma de se defeder da violência. Também nele se disporá as noções básicas de saúde em geral e algo mais específico a tal categoria, como a prevenção a processos cirurgicos experimentais e a utilização de proteses incompatíveis. Elas ainda traçaram as linhas mestras e discutiram o conteúdo de um site, a página oficial da ANTRA na Internet. Mídia essa que facilitará a comunicação e o diálogo permanente entre a direção do movimento e as demais entidades afiliadas. E mais ainda, um jornal impresso muito especial será feito à partir deste grande encontro nacional. Porque em tal material haverá o registro de todo este momento da construção da cidadania trans advinda desta reunião na Bahia. É como se, um antes, de quase alienação fosse deixado para traz e de agora em diante, um depois, de discussões, de muito aprendizado, de elevação da auto estima e do amor próprio em alta. Com certeza absoluta e não é mentira não, o novo mundo das Tulipas trans está aí. Vamos dar todo o nosso apoio a luta e a existência digna destas cidadãs. Ratifcando uma posição incentivada pelo Ministério da Saúde: “Travesti e Respeito devem ser inseparáveis. Já está na hora dos dois serem vistos juntos. Em casa. Na Boate. Na Escola. No Trabalho. Na Vida.”
Por Marccelus Bragg
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