“Girl Play”: Lésbicas representando o verdadeiro amor

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De alguma forma, no recente movimento popular e comercial de meninas-com-meninas, alguém se esqueceu de mostrar verdadeiras lésbicas realmente apaixonadas. Esta não é uma falha desprezível; ao contrário, trata-se de algo deliberado e medonho.
De alguma forma, no recente movimento popular e comercial de meninas-com-meninas, alguém se esqueceu de mostrar verdadeiras lésbicas realmente apaixonadas. Esta não é uma falha desprezível; ao contrário, trata-se de algo deliberado e medonho.
A rede de televisão permite que personagens femininas se beijem num tipo de entretenimento “as meninas enlouqueceram”, mas se o casal resolve se comprometer, como Marissa e Alex em “The O.C”, lábios se aproximam das bochechas de cada uma delas ou são, inevitavelmente, cenas são editadas para proteger a audiência nacional contra o beijo selado de um casal homossexual. Em “L World”, personagens femininas podem entrar nessa, com amor e desejo, mas elas são compostas, maquiladas e vestidas como se fossem supermodelos substituindo lésbicas da vida real.
Em “Girl Play”, a diretora Lee Friendlander tenta uma descrição menos enfeitada e menos exploradora do amor sáfico. E fazendo isso, ela faz parecer que o filme seja menos limitado do que a tv, que diretores independentes não precisam incluir qualquer significado artificial que empolgue ou horrorize a audiência. Apesar de muitas vezes ser entediante, a caracterização é pelo menos realista e honesta à medida que as duas personagens confrontam o desafio da monogamia.
“Girl Play” trata acima de tudo de um simples casal que monologa sobre a luta das lésbicas, com algumas cenas de farsas e medo. Infelizmente, as duas personagens principais são forçadas a conversar com a câmera, por tempo mais do que suficiente, sobre seus sentimentos. Essas amantes não-correspondidas são atrizes frustradas de Los Angeles e se afundam em um salto duplo com suas ansiedades na frente do expectador. O filme até conta com essas mulheres para fazerem vozes em off durante cenas dramáticas, enquanto narram pequenos detalhes que podemos perceber por nós mesmos. “Respiro fundo e abro a toalha”, diz um deles. Desnecessário.
Robin Greenspan faz Robin e Lacie Harmon representa Lacie, e as atrizes também são creditadas como escritoras, dando a sensação de que elas falam de suas próprias experiências ou, pelo menos, do fundo do coração, descrevendo atores em cena que vão se apaixonando gradualmente. A intimidade ajuda a formular o passado.
Em “The L World”, Lacie é a gatuna loira dos takes de bar, ansiosa por causa das atrações sexuais, e não por compromisso; seu último relacionamento foi sufocado pelo comprometimento assexual. A morena Robin é uma monogamista serial, obrigada a entrar em algo novo pelos defeitos e censuras de sua parceira.
Nenhuma atriz rouba a cena da outra, mas o admirável filme é enfraquecido pela timidez ou uma falta de habilidade. Greenspan e Harmon lutam para produzir muitos, muitos minutos de tomadas em close parecerem e soarem interessantes. As duas carecem da habilidade de Ellen DeGeneres como uma atriz muda de anedotas vívidas, mas para seus méritos, quando deixam seus fluxos de consciência fluir, são francas em relação ao sexo, tristeza e à oposição ao casamentos de homossexuais. DeGeneres, em seus monólogos diários matinais, ainda põe a dor de sua primeira apresentação em suas costas; ela faz poucas menções a sua sexualidade, que é ou um serviço para a futura aceitação de pessoas gays famosas ou um passo para trás.
Um passo à frente seria a descrição mais liberal e completa de lésbicas em filmes e na televisão – que em “Girl Play” e por toda parte parece estar muito branda, muito manhosa, muito californiana. Se produtores de filme e televisão querem correr mais riscos na descrição da vida lésbica, deveriam deixar de lado a cautela e ir diretamente às reflexões ardentes de Marga Gómez e outros quadrinhos lésbicos de Nova York, que transmitem o furor e o sofrimento que faltam em “Girl Play”.
NOTAS DA PRODUÇÃO
Girl Play
Dirigido por Lee Friedlander; escrito por Robin Greenspan, Lacie Harmon e Friedlander, baseado na peça de teatro “Real Girls” de Greenspan e Harmon; diretor de fotografia: Michael Negrin; editado por Christian White; música por Laura Karpman; design: Dahl Delu; produzido por Gina G. Goff e Laura A.Kellam; publicado por Wolfe Releasing. Duração: 80 minutos. Este filme não possui censura.
Elenco: Robin Greenspan (Robin), Lacie Harmon (Lacie), Mink Stole (mãe de Robin), Dom Deluise (Gabriel), Katherine Randolph (Audrey), Lauren Maher (Cass) e Gina DeVivo (Robin com 14 anos).


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