Evento reúne travestis em Salvador

0

Os transgêneros lutam pela inclusão social e pretendem mostrar à sociedade que não vivem somente da prostituição
ANA LUCIA ANDRADE
Direitos humanos, cidadania, saúde e inclusão social são os temas que estão sendo discutidos em um evento nacional que reúne travestis e transexuais de 20 Estados brasileiros em Salvador, até amanhã. Trata-se do II Seminário do Projeto Tulipa (Transgêneros Unidas na Luta Incansável para a Prevenção da Aids), cujo objetivo é dissociar a categoria do profissional da noite da marginalidade e capacitar as instituições e entidades regionais, espalhadas pelo País, para serem agentes multiplicadores. Dentre as participantes do seminário estão profissionais de engenharia, psicologia, pedagogia, enfermagem, estética e outras áreas.
No dia de ontem, as participantes criaram o material de divulgação, inclusive um site, para a Articulação Nacional dos Transgêneros (Antra) – que possui quarenta afiliadas na luta pela conquista da cidadania –, além de darem início às discussões temáticas. “Precisamos mostrar à sociedade que travestis e transexuais não vivem somente das noites, se prostituindo”, frisou a travesti Keila Simpson, presidente da Antra.
Organizada desde 1990, a categoria está partindo em busca da capacitação profissional da classe e sensibilização do mercado de trabalho. Hoje e amanhã, será elaborado o manual Tulipa de capacitação profissional e ficarão definidas as datas e metodologias dos encaminhamentos regionais.
“Não podemos vender roupa ou óculos, por exemplo, porque a sociedade não consegue nos enxergar longe da noite”, desabafou Keila, denunciando que essa realidade está em todo o território nacional. Ela entende que o caminho da prostituição acaba sendo seguido graças à evasão escolar. “Se a escola discrimina o transexual hoje, como a sociedade pode cobrar nossa inclusão social?”, questiona. Exemplo disso aconteceu em uma unidade escolar no município de Lauro de Freitas, quando uma transexual foi proibida de usar tanto o banheiro feminino como o masculino.
Se nos estudos o preconceito domina, no mercado de trabalho é ainda pior. “É que as exigências do novo emprego passam pela necessidade de capacitação profissional e biotipo pré-estabelecido”, denuncia Keila, informando que o encontro também visa à organização da categoria para modificar esse quadro.
PROFISSIONALISMO – A transexual goiana Beth Fernandes, 38 anos, é psicóloga e possui quatro pós-graduações, além de mestrado na Unicamp. Ela atende em um consultório e atua em projetos ligados a meninos em situação de rua e exploração infantil na prefeitura local e na Universidade Católica. Até conseguir isso, Beth sofreu preconceitos por um bom tempo. “Fui discriminada mesmo com um currículo como o meu”. Na sua opinião, chacotas e atos discriminatórios são responsáveis pela desmotivação profissional, muitas vezes levando a pessoa ao mercado da prostituição.
Pedagoga, técnica em contabilidade e esteticista são algumas das profissões da transexual Kelly Araújo Dantal, 37 anos, de Sergipe. Atualmente ela ministra cursos na área de estética facial, corporal e capilar no Senac, trabalho que gosta muito de fazer. Ela conta que descobriu sua sexualidade aos 23 anos, graças a uma ida a um endocrinologista, quando ficou sabendo que seus gens eram modificados. “Antes disso, pensei que era gay”, lembra.
Para vencer na vida profissional, Kelly teve que romper com muitos preconceitos e atualmente é respeitada no município sergipano onde nasceu e voltou a morar. “A conduta também é um diferencial. Nunca me prostituí e já contabilizo alguns casamentos”, revela. Incansável no seu crescimento profissional, ela está fazendo o curso de técnico em enfermagem no Senac.
SAIBA MAIS
Definição
Travesti
z São indivíduos que, através de artifícios variados, conseguem obter a aparência do sexo oposto. Têm seus corpos modificados por hormônios, aplicações de silicone e cirurgias plásticas. Adotam roupas, penteados, nomes de outro sexo. Porém, a travesti não se incomoda com o sexo que ostenta, fato este que não a faz sentir necessidade de uma operação para a adequação de sexo.
Transformista
z São indivíduos que se transformam temporariamente em mulher ou homem, a fim de interpretar, atuar ou cantar, estando sempre ligado à classe teatral. São também conhecidos por “Drag Queens”.
Transexuais
z Estes ou estas pessoas são aqueles que se identificam com o sexo oposto e repudiam o sexo que ostentam anatomicamente. São aqueles indivíduos com distúrbio de identidade de gênero, que buscam tratamento hormonal permanente ou cirurgia de redesignação sexual.
Transgêneros
z Na unificação das identidades de gênero (travesti e transexual), foi cristalizada a palavra transgêneros para referenciar (política e ideologicamente) as duas categorias.
Fonte: ABGLT – Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transgêneros)
SERVIÇO
z ANTRA – Articulação Nacional das Transgêneros – Tel: (71) 3481-0105
z Centro Tulipa Nordeste – (79) 222-6365


Deixe um comentário ou dica do que gostaria que pudéssemos trazer de novidade para vocês. E se curte nosso CANAL faça uma doação de qualquer valor para que possamos continuar com esse trabalho.

PIX: (11) 98321-7790
PayPal: [email protected]

TODO APOIO É IMPORTANTE.

Compartilhar.

Sobre o Autor

Comments are closed.