Após gays, índios boicotam novela de Miguel Falabella

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da Folha Online
Depois de receber críticas do movimento gay, a novela “A Lua me Disse” (19h) virou agora alvo de representantes da causa indígena, que recomendam o boicote à trama. A produção da Rede Globo, assinada por Miguel Falabella e Maria Carmem Barbosa, é acusada de difundir preconceitos contra os índios. Uma nota de repúdio já foi enviada ao Congresso Nacional.
O pivô da polêmica é a personagem índia Bumba, maltratada e desrespeitada por membros da família para a qual trabalha. Além de ser chamada de “preguiçosa”, a personagem já foi expulsa de alguns locais da casa da protagonista da trama de forma estúpida, mostrando falta de educação.
Para o índio Olívio Jekupé, filósofo e escritor de uma comunidade próxima a Parelheiros, em São Paulo, a personagem ajuda a desmoralizar ainda mais a imagem do índio.
“Ela [a empregada da novela]está sempre sendo humilhada, é tratada como animal. O nosso povo já é visto erroneamente como atrasado, e a novela piora a situação. Acho que os autores da novela não têm noção do que estão escrevendo”, reclama.
Um grupo de entidades de Mato Grosso ligado à questão indígena já elaborou uma nota de repúdio contra a novela global pela maneira como Bumba, que diz ser da tribo dos nambiquaras, vem sendo tratada na trama.
O documento foi enviado ao Congresso, à Rede Globo e à Secretaria Nacional da Identidade e da Diversidade Cultural, que integra o Ministério da Cultura. Para eles, a emissora “esteriotipa e desrespeita a dignidade dos povos indígenas”.
Expulsa aos berros ao som de “Saia daqui, sua nambiquara”, a personagem corre atrás de Adonias, interpretado por Paulo Vilhena, e diz: “Índia, quando quer homem, fica nua na taba. Índia gosta de ver homem nu. Índia quer.”
Para antropólogo Aloir Pacini, professor da Universidade do Mato Grosso e supervisor do Museu Rondon, a maneira como a índia está sendo exposta na novela é um desrespeito à dignidade dos povos indígenas.
“Ela é tratada de forma exótica, como se fosse um bicho. Ela é muito maltratada. E isso acaba sendo multiplicado, pois a TV tem uma grande capacidade de difundir imagens sintéticas nas mentes das pessoas. Esse não é o papel da televisão”, afirma.
Não é a única novela da Globo no ar que explora a imagem dos índios. Na trama das seis, “Alma Gêmea”, a índia Serena (Priscila Fantin) é a reencarnação do grande amor do protagonista, o botânico Rafael (Eduardo Moscovis). Após a invasão de sua aldeia, Serena viaja para São Paulo e chega a ser chamada de “selvagem” pela vilã Cristina (Flavia Alessandra) e por outros personagens da pensão onde chegou a viver.
Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da Globo disse que não vai se pronunciar sobre as acusações de preconceito sofridas pela novela.


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