Você se comporta de maneira decente com sua namorada?

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por Vange Leonel, colunista do Mix
A atriz Karina Lombard e sua personagem Marina, do seriado “The L
Word”, foi uma das musas mais votadas pelas leitoras do “Bolacha
Ilustrada”, ao lado das cantoras Nila Branco e Ana Carolina (veja
coluna anterior). Não me surpreende que as meninas gostem da atriz,
que é uma mulher bonita, alta, de olhar instigante e voz rouca. Mas,
definitivamente, a personagem Marina é uma calhorda de marca maior.
Como nem todas as leitoras da coluna acompanham o seriado, vale uma
breve descrição do comportamento antiético da personagem. Logo no
início da trama, Marina se interessa por Jenny, que é uma
heterossexual em crise de identidade sexual. Numa festa, quando
Jenny entra no banheiro, Marina se aproveita da situação e entra
junto com a menina. Dentro do banheiro, Marina dá uma prensa em
Jenny que, a princípio resiste, mas depois cede ao beijo de língua.
Assustada, Jenny sai do banheiro e vai embora da festa.
Após alguns episódios, as duas começam a “ficar” e Jenny vai se
acostumando com a idéia de ser bissexual, até que se separa do
marido. Acreditando que está livre para iniciar um namoro com
Marina, Jenny é surpreendida com uma revelação: Marina é casada com
outra mulher! Jenny se sente traída: por que Marina não disse antes
que era casada? Será que Jenny destruiria seu próprio casamento se
soubesse que Marina era indisponível?
Resumindo, Marina abusou de Jenny: primeiro quando prensou a garota
no banheiro, num quase-estupro, e depois quando omitiu ser casada
com outra mulher, informação essencial para que Jenny avaliasse o
risco da relação.
O mais incrível é que muitas fãs do seriado não concordam com essa
minha avaliação do comportamento da personagem Marina. Muitas
meninas não vêem nada de mal nesse comportamento antiético da
personagem. A discussão sobre o que é ético ou não em um
relacionamento amoroso é inesgotável. O que algumas meninas acham
falta de ética, outras acham normal. Por exemplo: você acha legal se
aproveitar de uma menina bêbada para beija-la na balada? Você acha
legal pedir pra sua namorada parar de andar com “certas pessoas” só
porque tem ciúme dela? Você acha justo apelidar uma amiga
de “galinha” ou “apanhadora nos campos do rebuceteio” só porque ela
gosta de namorar várias mulheres, em seqüência?
Para discutir essas e outras questões, Elisa Gargiulo (do
Dominatrix) e Geisa França (criadora do Bendita Zine), criaram o
workshop “Consenso sexual para jovens lésbicas”. No próximo sábado,
dia 17 de setembro, às 19:30 na Unicamp, elas estarão dando este
workshop na “Semana Contra a Opressão da Mulher” (informações aqui).
Esta discussão sobre consenso sexual nasceu com a percepção de que,
mesmo em um relacionamento amoroso entre duas mulheres, é possível
haver abuso, machismo e violência. Para Elisa, “há muitos mitos
quando se fala em consenso entre dykes, como o mito de que uma
mulher nunca irá violentar outra, ou que conversar sobre consenso
quebra o clima”. Consenso sexual significa que as duas partes
envolvidas devem estar de acordo em relação às práticas do
relacionamento.
Assim, a meu ver, a personagem Marina agiu de maneira desonesta, sem
buscar o consentimento de Jenny. O que dificulta essa avaliação é
que há muitas sutilezas quando falamos em consenso sexual: Marina
poderia interpretar um olhar de Jenny como um “sim” ou seria
necessário Jenny dizer esse “sim” de maneira explícita? Quando uma
menina hesita, ela está dizendo “sim” ou “não”? Essas sutilezas,
nuances e limites tênues só comprovam que o exercício constante do
diálogo, a responsabilidade por seus próprios atos e a eterna
vigilância ética sobre si mesmo são fundamentais para estabelecer
uma relação amorosa e sexual baseada no consenso.
E você, considera sua atitude ética ou acha que tudo isso é balela?.


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