Você já se sentiu um estranho(a) no ninho?

É em momentos como esse que nos sentimos distantes de tudo e todos, até mesmo de nós mesmos. O contato se limita à dor de um vazio insuportável, onde não há paz nem sossego emocional. Quem já passou por essa situação sabe que, mesmo durante o confinamento, mesmo estando sozinho ou rodeado de pessoas, em um espaço definido ou não, esse sentimento pode corroer a alma. É um momento perigoso de dor e desespero, capaz de levar à fuga da realidade e romper com o tempo e o espaço objetivos.

Independentemente de já ter vivenciado isso antes ou se é algo novo ou recorrente em sua vida, é importante perceber e lidar com esse mal-estar antes que se torne insuportável. Busque regular suas emoções para transcender sabiamente esses episódios, evitando que ocupem em excesso seu sistema biológico e enfraqueçam seus mecanismos de defesa.

Uma maneira de lidar com esse tipo de crise é iniciar um processo de reflexão.
Para começar, tente se distanciar do cenário existencial usual e reserve um tempo para observar as imagens de sua vida se desenrolando diante de seus olhos interiores. Imagine tudo como se fossem aspectos de um filme, onde você estava antes hipnotizado, preso à sua própria tela. Em seguida, observe as pessoas que têm compartilhado a vida com você, também em um estado de hipnose. Ao fazer isso, comece a analisar suas relações de forma mais distante e sem envolvimento emocional, ativando apenas o observador que habita dentro de você. Contemple o filme da história de sua vida, reflita sobre o sentido ou a falta de sentido da existência que você vem experimentando e reconheça que este momento de reflexão é especial e único. E lembre-se: não se envolva emocionalmente nas cenas que surgirem.

Através desse simples exercício, é possível transcender diferentes sentimentos que levam à desconexão e à percepção da solidão como dor, transformando essa sensação em solitude prazerosa e paz interior. Ao apreciar a companhia de si mesmo em seu “castelo interior”, você poderá resgatar um novo eu, capaz de lidar melhor tanto com as situações internas quanto externas.

É nesses momentos delicados que novas oportunidades e possibilidades criativas se abrem, permitindo que a vida se desenrole em diversas perspectivas. Tenha paciência e reserve um tempo para verdadeiramente se observar sem tentar evitar a dor.

Se desejar, embarque nessa jornada de autoconhecimento e, se ainda assim persistir alguma dor emocional, repita o processo até alcançar a clareza desejada. Caso reste desconforto ou uma angústia persistente no peito, é recomendável buscar ajuda psicológica, pois em algumas situações, a dor emocional pode estar relacionada a um desequilíbrio orgânico que necessita de intervenção medicamentosa para restabelecer o equilíbrio cerebral.

É fundamental ter discernimento e compreender que somos seres humanos e que, diante de períodos prolongados de estresse, podemos chegar a um ponto de colapso que requer ajuda profissional. Muitas pessoas têm preconceitos em relação a esse tipo de assistência, como se admitir necessidade de ajuda fosse sinônimo de fracasso na busca por uma vida saudável e feliz. No entanto, é importante notar que o cérebro é parte física do corpo e pode entrar em colapso, assim como outros órgãos que podem desenvolver problemas tratáveis através de medicamentos, como úlceras ou diabetes.

Embora eu acredite na neuroplasticidade, também reconheço que em certos momentos da vida e para algumas pessoas, a intervenção medicamentosa pode ser necessária para promover a cura e o equilíbrio físico e neurológico. Ter consciência dos limites do estresse e do potencial de colapso emocional é crucial para alcançar uma vida de qualidade.

Em meio à brevidade da existência, não podemos nos permitir perder tempo com dogmas e preconceitos – o que realmente importa é buscar a felicidade através de caminhos claros e conscientes. Quanto mais despertos estivermos, melhor será nosso caminhar.

Com Informações – Somos todos um.