Religiosos israelenses não querem dólares dos “gays”

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Nahum Sirotsky, correspondente iG em Israel ([email protected])
Nahum Sirotsky, em Israel – Dois fatos inéditos ocorreram.E merecem registro.
Está marcada para agosto próximo, em Jerusalém, a reunião internacional do Orgulho Gay. Serão dez dias de discussões sobre a situação e direitos dessa minoria. Além de festas e espetáculos de teatro artes em geral. Devem vir muitos milhares. Se permanecer a atual calmaria, talvez centenas de milhares. Os hotéis e hospedarias podem lotar. A distância entre Jerusalém e Tel Aviv é de 40 minutos, usando ônibus; Tel Aviv deverá receber muita gente.
Jerusalém, tanto a nova como a velha e murada capital de Israel que os palestinos também reivindicam para o seu centro político quando proclamarem seu estado independente – o primeiro em sua historia -, é muito conservadora. Nota-se nas ruas a forte presença de ortodoxos de todas as fés monoteístas. Nas horas dedicadas a preces, ouve-se o badalar de sinos, o convite dos responsáveis pelas mesquitas, e vê-se o correr dos judeus praticantes na direção de suas inúmeras sinagogas. Ao que consta, todas as seitas muçulmanas, cristãs e judias estão presentes na cidade. Na cidade nova, construída pelos judeus, destacam-se a Universidade Hebraica, implantada nos anos vinte, antes mesmo de existir procura suficiente, fantásticos museus, monumentos em memória ao holocausto dos judeus europeus e muito mais.
Na velha, dentro de uma muralha, os locais santos. O chamado Muro das Lamentações, o que restou da destruição do Templo, numa magnífica esplanada. Acima, na colina do Templo, as mesquitas de al Aksa de mais de mil anos marcando o lugar tradicional no qual Maomé, o profeta, chegou de Medina em seu cavalo voador e ascendeu ao encontro de Alá (Deus), que lhe revelou o Último Testamento, o Corão, livro sagrado da religião do Islã. Com uma caminhada de poucos minutos pelas estreitas e velhas ruas, chega-se ao Santo Sepulcro, a Basílica que marca o local tradicional da Crucificação e as horas que Jesus passou numa cova antes de ressurreição, as estações da Paixão. Perto de Jerusalém, a alguns minutos de ônibus ou carro, está Belém da Natividade.
Num consenso raríssimo, os rabinos-chefes de Israel, o Patriarca católico e autoridades evangélicas, concordaram num protesto: não querem a reunião internacional dos gays e lésbicas na Cidade Santa, cujo prefeito é um judeu ortodoxo. Mas o governo se calou. Por lei, e em princípio, o máximo que se pode imaginar será a proibição feita pela polícia a manifestações em determinados lugares públicos.
Os religiosos argumentam que, no mínimo, o mês é pouco adequado. Tende a ser tenso devido ao que está previsto como o final do processo chamado de desengajamento: o fim do prazo para a saída dos atuais (cerca de 8 mil) judeus israelenses assentados na faixa de Gaza e de outros mais no norte da Samaria. E existe a promessa de resistência. Chegamos, então, ao segundo fato inédito.
Há a hipótese de a resistência escalar para a violência. Não só os colonos de Gaza têm boas armas, os assentados na Samaria e Judá, a Canaã bíblica, também estão armados. São cerca de 300 mil indivíduos.
As autoridades do governo incumbidas de assegurar a retirada, grupo que inclui responsáveis pela Policia e Forças militares, entraram em diálogo com as lideranças conhecidas dos resistentes. Assumem o compromisso de que sua gente cumprirá a missão de retirar os resistentes sem carregar arma alguma. No braço apenas. Carregar armas sempre implica o risco de algum soldado ou policial recorrer a elas por se sentir ameaçado ou agredido. A conseqüência é sempre trágica. Em compensação, as autoridades querem que as lideranças dos colonos recolham as armas e as entreguem ao governo. Inúmeras das armas são do Estado, pois os soldados-recrutas e reservistas carregam-nas nos dias ou horas de folga. É uma visão comum em Israel ver até jovens soldadinhos (ente 18 e 20 anos, prestando serviço militar) carregando suas armas nas rápidas visitas à família. Os descontroles são relativamente poucos. Nunca consigo entender tal disciplina. Além do mais, quem vive nas colônias tem acesso a licenças para o porte de armas.
Bem, além dessa questão, discutem a aceitação de regras para o inevitável, como aparente no momento. Confronto. Objetiva-se minimizar o risco de descontrole da violência. Entendam o que digo: os lados que irão se enfrentar querem regras para a luta! Ainda não chegaram a um acordo, mas combinaram realizar reuniões semanais para chegarem aonde pretendem.
O governo confia no sucesso de sua operação. Não será brinquedo de criança, mas é alcançável, pensa, se o número de resistentes não for muito grande. As organizações que resistiram até agora com manifestações perderam a primeira etapa.Visavam convencer a maioria parlamentar – 61 parlamentares que são a minoria – a derrubar o governo Sharon. Mas o Primeiro Ministro conseguiu grande maioria em votações decisivas, como a do Orçamento, usando táticas de concessões. Nada de vantagens pessoais. Concessões nas formas de destaques orçamentários a causas de partidos como verbas para universidades, assistência médica e coisas assim. Sharon, obtida a vitória e, conseqüentemente, afastados os obstáculos para concretizar o plano de retirada, deixou transpirar que iria nomear 30 novos vice-ministros, todos atuais parlamentares, equivalendo a um quarto deles. São 120 de 14 partidos. Desistiu no momento. Uma sondagem indicou que não havia maioria para isto.
Mas vai levando adiante o seu plano que, pelos sinais, indicam ter ele idéia de até onde irá nas negociações com a liderança palestina sobre as fronteiras do estado palestino a nascer. Uma saída da maior parte das terras ocupadas preservando centros habitacionais israelenses com cerca de 300 mil habitantes. Seria o que irá discutir com Bush, com quem tem encontro marcado na fazenda do rancho texano dentro de uns dez dias.


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