Publicidade ainda resiste à parada gay

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FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A maior parada gay do mundo, marcada para o próximo domingo em São Paulo, ainda não quebrou a resistência das empresas em associar as suas marcas à comunidade GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros).
Agências de propaganda e empresas informam que a megafesta gay não se profissionalizou a ponto de mostrar, aos potenciais patrocinadores, o retorno que teriam ao investir no movimento. A confusão está armada.
Não há mais dúvidas de que a parada é uma grande vitrine para exibição de marcas, com potencial para captar milhões de reais de patrocinadores, na avaliação de publicitários e empresários.
Afinal de contas, a estimativa é que 2 milhões de pessoas se reúnam na avenida Paulista para assistir à 9ª Parada do Orgulho Gay de São Paulo, evento que supera as comemorações das duas maiores centrais sindicais -CUT e Força Sindical- no 1º de Maio.
A Associação da Parada do Orgulho GLBT de SP, que organiza o desfile e os eventos paralelos que ocorrem na cidade, chegou a contratar duas empresas para ir atrás de patrocinadores -a Koch Tavares e a Meta Design- na tentativa de captar R$ 800 mil, custo estimado da festa. Em 2004, a associação fechou o evento no vermelho, com prejuízo de R$ 150 mil.
Apesar do esforço, só três empresas acertaram o patrocínio: a Globosat, a CVC Turismo e uma corretora de seguros, que prefere não ter seu nome revelado.
A TIM negociava uma cota, mas desistiu na semana passada. A negociação começou com uma verba de R$ 1 milhão, reduzida, em seguida, para R$ 560 mil. A última proposta foi de R$ 100 mil.
“O patrocínio da parada gay ainda é tímido. Há resistência das empresas em participar. As desculpas são a falta de verba e de tempo. Todo mundo associa a parada a uma putaria, o que claramente não é”, diz Fábio Cardoso, gerente da Koch Tavares, empresa de promoção e marketing.
Empresas e agências de publicidade consultadas pela Folha afirmam que não estão patrocinando o evento porque a proposta foi entregue em cima da hora e faltou planejamento na venda e na exposição de marcas. Algumas foram pressionadas, segundo informaram, sob a ameaça de ser consideradas “discriminadoras”.
“A comunidade gay tem alto poder aquisitivo, e as marcas estão de olho nesse mercado. Não existe preconceito dos clientes. O que faltou foi planejamento na hora de comercializar as cotas”, afirma Luiz Lara, da agência de publicidade Lew, Lara.
A Meta Design informa que procurou cerca de 200 empresas para patrocinar o desfile. “Elas não responderam ou disseram que não tinham verba ou que a comunidade gay não fazia parte do público-alvo da companhia”, afirma Eduardo de Carvalho, sócio-diretor da Meta Design.
“A parada é excelente como patrocínio. Que tem certo preconceito ainda tem. Mas a barreira pode ser vencida com competência. Qual o problema de jornal ou fábrica de macarrão apoiar a parada? Nenhum. Faltou política clara. Os organizadores vieram com verbas enlouquecidas de patrocínio”, diz o publicitário Nizan Guanaes, da agência Africa.
A Meta Design informa que a cota máxima de patrocínio oferecida é de R$ 700 mil e, a mínima, de R$ 70 mil.


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