Pesquisa mundial desfaz mitos sobre comportamento sexual

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Especialistas afirmam que os dados levantados no
estudo serão úteis também para modelar políticas que
melhorarão a saúde sexual em todo o mundo
Redação

LONDRES – No primeiro estudo amplo e global sobre
comportamento sexual, pesquisadores britânicos
descobriram que as pessoas não estão perdendo a
virgindade cada vez mais cedo, que a maior parte do
sexo no mundo é feito por pessoas casadas e que não
existe uma ligação sólida entre doenças sexualmente
transmissíveis e promiscuidade.

O estudo será publicado nesta quarta-feira, como parte
de uma série sobre saúde sexual e reprodutiva da
revista britânica The Lancet.

A pesquisadora Kaye Wellings, da London School of
Hygiene and Tropical Medicines e colegas analisaram
dados de 59 países. Especialistas afirmam que os dados
levantados no estudo serão úteis não apenas para
eliminar mitos populares sobre comportamento sexual,
mas para modelar políticas que melhorarão a saúde
sexual em todo o mundo.

Wellings declarou-se surpresa com alguns dos
resultados. \”Alguns dos nossos preconceitos caíram por
terra\”, disse ela, explicando que o grupo esperava
encontrar comportamentos de maior promiscuidade em
regiões como a África, onde as taxas de doenças
sexualmente transmissíveis são maiores.

Esse não foi o caso, com informes de diversos
parceiros surgindo com maior freqüência em países
industrializados, onde a incidência dessas doenças é
relativamente baixa.

\”Há a percepção errônea de que existe muita
promiscuidade na África, que seria uma das razões
potenciais para a disseminação rápida do HIV\”, disse o
médico Paul van Look, diretor de Saúde e Pesquisa
Reprodutiva da Organização Mundial da Saúde (OMS), e
que não tomou parte no estudo. \”Mas essa visão não tem
apoio nas evidências\”.

Wellings diz que isso implica que a promiscuidade pode
ser menos importante do que fatores como pobreza e
educação – especialmente o estímulo ao uso da
camisinha – na transmissão dessas doenças.

O estudo também determinou que, ao contrário da crença
popular, a atividade sexual não está começando cada
vez mais cedo. Em praticamente toda parte, homens e
mulheres têm suas primeiras experiências sexuais entre
15 e 19 anos, com as mulheres começando mais cedo que
os homens.

Pesquisadores também descobriram que a maior parte das
relações sexuais ocorre entre pessoas casadas, e que
há uma tendência gradual para se adiar o casamento,
mesmo em países em desenvolvimento. Embora isso
represente um aumento previsível nas taxas de sexo
pré-marital, especialistas afirmam que a tendência não
representa, necessariamente, um comportamento mais
perigoso.

Em alguns casos, mulheres casadas podem correr mais
perigos que as solteiras. \”Uma mulher casada é mais
capaz de negociar o sexo seguro, em certas
circunstâncias, que uma mulher casada\”, disse van
Look, destacando que mulheres casadas da África e da
Ásia muitas vezes são ameaçadas por maridos infiéis
que freqüentam prostitutas.

Há muito mais igualdade entre homens e mulheres quanto
ao número de parceiros sexuais nos países ricos, em
comparação aos pobres, mostra o estudo. Por exemplo,
homens e mulheres na Austrália, Grã-Bretanha, França e
EUA tendem a ter um número de parceiros praticamente
igual.

Em contraste, em Camarões, Haiti e Quênia, homens
tendem a ter várias parceiras, enquanto as mulheres
tendem a ter apenas um. Essa disparidade é explicada
pelos dados de faixa etária: as parceiras
suplementares dos homens provavelmente são mulheres
mais jovens – na África, dos 15 aos 19 anos a
atividade sexual é maior entre meninas que entre
meninos. Esse desequilíbrio tem implicações
importantes para a saúde pública. \”Em países onde a
mulher está presa ao parceiro homem, ela provavelmente
não terá o poder de exigir a camisinha, e não saberá
das transgressões do marido\”, diz Wellings.

Na América do Sul – especialmente, diz o artigo, no
Brasil – mais homens do que mulheres informam ter tido
um ou mais parceiros sexuais recentes, mas sem a
disparidade de faixa etária: os homens informam fazer
mais sexo que as mulheres em todos os grupos de idade.
Segundo o estudo, essa informação levanta a questão de
\”com quem os homens estão fazendo sexo\”. Os autores
especulam que a cultura machista do mundo latino pode
estar levando os homens a exagerar (e as mulheres, a
omitir) experiências sexuais.


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