Filme sobre gays conquista público

0

SARAJEVO (Reuters) – “A pior coisa possível nos Bálcãs é ser gay”, diz Kenan Dizdar, personagem do filme de guerra bósnio “Go West”, que desencadeou uma discussão acirrada sobre um dos maiores tabus da sociedade bósnia.
Para Dizdar, o ódio aos gays vai persistir mesmo depois que sérvios, muçulmanos e croatas deixarem de se combater. “Eles vão depor suas armas, mas vão continuar a odiar os homossexuais”, fala o personagem.
“Go West” já suscitou polêmica muito antes de ser feito. O filme acompanha dois gays, um deles muçulmano e o outro sérvio, que fogem da capital bósnia cercada no início da guerra e tentam preservar seu amor.
Grupos conservadores e religiosos atacaram o diretor Ahmed Imamovic e o co-roteirista Enver Puska, dizendo que eles estavam explorando o sofrimento dos muçulmanos durante a guerra de 1992-95 para tentar encontrar um público maior para seu filme no Ocidente.
“Vocês identificam a tragédia bósnia e os 250 mil mortos com uma história sobre dois gays”, disse o publicitário muçulmano Fatmir Alispahic na televisão no ano passado, quando o filme ainda estava em fase de edição.
“Se falamos sobre um chamado amor gay durante a guerra, transmitimos uma imagem totalmente equivocada do que aconteceu aqui.”
No sábado, “Go West” foi exibido publicamente pela primeira vez no Festival de Cinema de Sarajevo, embora não tenha feito parte da competição principal. A estréia internacional do filme vai acontecer em Montreal ainda este mês.
Um público de 2.500 pessoas ovacionou o filme em pé.
“Essas pessoas estavam criticando um filme que ainda não tinham visto. Não havia chance de diálogo com elas”, disse Puska à Reuters em entrevista. “Mas agora já podemos começar a falar.”
A INTOLERÂNCIA COMO TEMA
O Festival de Cinema de Sarajevo começou como ato de desafio e resistência quando a cidade estava sendo atacada por morteiros sérvios disparados desde as montanhas que a cercam. Hoje em sua 11a. edição, tornou-se o mais importante ponto de encontro de fãs e profissionais do cinema nos Bálcãs.
Puska disse que a história sobre dois gays de etnias diferentes foi escolhida para ressaltar o tema mais amplo da intolerância.
“O homossexualismo é tabu neste país. As pessoas têm medo, não falam disso”, disse o diretor.
“Mas fiquei comovido com o silêncio durante a exibição do filme. Pude ver a compreensão surgindo nos olhos das pessoas. Acho que, com este filme sobre o amor e a humanidade, abrimos uma fresta na porta que conduz à tolerância.”
No filme, o violoncelista muçulmano Kenan e o atleta sérvio Milan fogem de Sarajevo no início da guerra, na esperança de encontrar segurança no povoado onde Milan nasceu.
Para sobreviver, cada um deles muda sua identidade. O muçulmano se faz passar por mulher, e o sérvio passa a andar de metralhadora. Milan disfarça Kenan como sua namorada e entra para as forças armadas sérvias para tentar salvar a ambos.
A guerra é mostrada como uma loucura na qual o bom senso se perde. Cenas de violência étnica são entremeadas com tomadas surreais de rituais pagãos, tudo temperado com o humor típico dos Bálcãs.
Para o crítico de cinema e teatro Ivica Pinjuh, “‘Go West’ é uma análise brilhante da situação nos Bálcãs”.


Deixe um comentário ou dica do que gostaria que pudéssemos trazer de novidade para vocês. E se curte nosso CANAL faça uma doação de qualquer valor para que possamos continuar com esse trabalho.

PIX: (11) 98321-7790
PayPal: [email protected]

TODO APOIO É IMPORTANTE.

Compartilhar.

Sobre o Autor

Comments are closed.