Cada lugar do mundo guarda seu cantinho GLS

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ROBERTO DE OLIVEIRA
da Revista da Folha
Greenwich Village, Nova York; praia do Espelho, Ipanema; Oxford Street, Sydney; Consolação, São Paulo; Castro, San Francisco; Ribeira, Barcelona; Marais, Paris; Soho, Londres. Que mundo colorido.
Se você é “marinheiro” de primeira viagem não se acanhe. Caso tenha esquecido de comprar um guia ou de dar uma “googlada” atrás de dicas e endereços, siga em frente.
É facílimo encontrar a turma GLS nas mais badaladas cidades do planeta. Da recepção do hotel ao taxista da esquina, há sempre alguém disposto a te indicar o caminho da ferveção. Problema é saber que direção tomar em lugares aparentemente “straights”, mas que podem se transformar numa grande descoberta, acima de tudo, cultural.
Uma dica: lembre-se que você está de férias. Boa dose de paciência sempre cai bem, ainda mais em terra estranha. Prestar atenção nas pessoas, é indispensável.
Que tal começar pela Tailândia? O impacto rola logo quando o turista sai do aeroporto. A capital, Bancoc, é uma doideira. São cerca de 8 milhões de habitantes, trânsito caótico em meio a carros, motos e bicicletas. No horário de “rush”, os moradores andam usando máscara na tentativa de minimizar os efeitos da poluição. Favelas de um lado, arranha-céus moderníssimo de outro. No caminho, discípulos de Buda.
O rio Chao Phraya é a artéria principal da cidade. Mapa Thaiways, distribuído de graça nos hotéis, nãos mãos, pegue o Skytrain, moderníssimo metrô de superfície, com ar-condicionado e gente “fashion” fervilhando por todas as estações. Ali é fácil descobrir o programa que está “bombando” nesta época do ano na capital tailandesa. Os tailandeses são simpáticos, gostam de conhecer estrangeiros e a comunidade gay é imensa em Bancoc.
Na linha “trash”, vale uma espiada a um dos pontos turísticos eróticos mais famosos do mundo: a rua Patpong. Uma multidão circula todas as noites por bares e clubes noturnos de prostituição masculina e feminina e shows eróticos, entre camelôs que vendem de tudo, de relógios, tênis, camisetas a equipamentos eletrônicos –tudo “fake”, claro.
Você será “agarrado” na rua pelos promotores, que exibem um ‘cardápio’ para atrair a clientela, GLS inclusa. Esqueça a sacanagem e se jogue na diversão. Os “shows” são absurdos, mas o visitante tem que ficar atento para não “encher a cara” antes do início das apresentações, e deixar todo a grana por lá.
Quer algo mais selvagem? Siga para o Norte em direção à “pérola do norte”, como é chamada Chiang Mai, principal reduto dos amantes de turismo de aventura. Os motoristas das tradicionais “tuk-tuk” (motocicletas com carroceria) são os guias “gay-friendly” da noite. Chiang Mai é repleta de bares GLS no centro, onde se reúnem tanto nativos como turistas _israelenses e ingleses, principalmente. Nos finais de semana, as festas voltadas para esse público atravessam a madrugada.
No Ping River, ao lado da ponte Nawarat, há um quiosque, ponto de encontro e bate-papo GLS. Lá, é possível você se deparar com uma turista L norte-americana que está estudando as mulheres-girafas, conhecidas por usar imensos colares de argolas que ‘esticam’ o pescoço, como um ex-camponês G que fugiu de um vilarejo nas montanhas de Mianmar por causa de sua condição sexual e se refugiu clandestinamente na Tailândia, onde virou chef de cozinha. Chegue discreto, se aproxime lentamente, ouça as histórias e faça amigos GLS pelo mundo.
Bem mais difícil, mas ao meu tempo desafiador, é saber como vivem os gays no Marrocos, um país muçulmano, aberto ao Ocidente, mas com restrições explícitas ao homossexualismo. Saiba que a paquera é discreta e acontece em lugares impensáveis como o McDonald’s, no centro de Marrakech.
No coração da cidade, ao redor da praça Djemaa El Fna, há cafés onde o visitante pode ter uma vista privilegiada da miscelânea que envolve encantadores de serpentes, músicos tocando instrumentos hipnóticos, macacos, mulheres cobertas que exibem mãos tatuadas, flautas comandando dançarinos, malabaristas, pitonisas. Suba em um deles, pague um café ou um refrigerante e assista ao espetáculo. Aproveite para conhecer os turistas que estão sempre por lá.
O Marrocos já teve suas terras dominadas por romanos, vândalos, visigodos e bizantinos. Somente no século 7, os árabes conquistaram a região. Os portugueses tentaram se estabelecer na costa do Atlântico no século 15. A França chegou em 1530, mas só em 1912, o Marrocos virou protetorado francês até 1956, quando finalmente conquistou a independência.
Falando nos franceses, há muitos deles vivendo em Marrakech, talvez daí esteja o fato de a cidade ser mais cosmopolita do que a capital, Casablanca. Vale a pena conhecer o Majorelle, de 1920, construído pelo pintor francês Jacques Majorelle, que abriga o Museu de Arte Islâmica, hoje nas mãos do estilista francês Yves Saint Laurent, que mantém uma mansão no fundo do jardim.
Se as imposições religiosas ditam o comportamento no Marrocos, em Cuba, o fato de o turismo ter se tornado a principal fonte de renda do país vem contribuindo muito para a tolerância.
Por ironia do destino, o Capitólio (réplica do americano), que abrigou o Congresso cubano até 1959, na Habana Central, divide com a sorveteria Coppelia os dois principais pontos de encontro gay da cidade. É lá que a galera GLS fica sabendo das “raves” que acontecem nos finais de semana em Havana. Mas atenção: cuidado com a “elza”.


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