Mãe relata caminho da aceitação à militância pela diversidade

0

Josi criou o grupo “Mães Pela Diversidade” para acolher quem passou pela mesma experiencia que ela.
JAD LARANJEIRA
DA REDAÇÃO

A intimidade entre mãe e filha foi o ponto chave para que a professora Josi Marconi Seixas desconfiasse que a menina, ainda na infância, fosse homossexual. Mas isso não tornou mais fácil ou simples para a família quando a jovem, já na adolescência, decidiu revelar a sua orientação sexual.

Em entrevista ao MidiaNews, Josi relatou como foi a experiência e a aceitação sobre a sexualidade da filha, Malu Marconi.

A profissional é graduada em Biologia, especializada em gênero e diversidade na escola, mestre em Antropologia social e também trabalha com gêneros e sexualidade.

Apesar desse extenso currículo, Josi diz que sentiu medo quando ouviu a filha pela primeira vez tocar no assunto.

“Eu já sabia no meu coração que a minha filha desde pequena que era homossexual, lésbica. Quando isso veio a tona, fiquei um pouco sem chão, como todas as mães ficam. A gente não sabe o que fazer. E para mim foi uma aceitação mais fácil, mas não quer dizer que tenha sido rápida ou muito tranquila”, disse.

Sem saber muito sobre o mundo de Malu, ela decidiu pesquisar sobre o assunto e mesmo assim as dúvidas e o medo eram muitos.

mae e filha

A professora Josi Marconi e a filha Malu Marconi

“Eu tinha algumas dúvidas, tinha muito medo, como tenho até hoje. Medo de não saber como a minha filha vai passar pela vida, das violências que pode sofrer. Se uma mãe de uma pessoa heterossexual já tem medo do filho sair à noite para uma balada, quando se trata de um filho LGBT esse medo triplica, porque nós temos medo por simplesmente eles serem quem são, amarem quem amam”, desabafa.

Apesar de ter muitos amigos LGBT, a professora diz que se via sem respostas para as perguntas que tinham sobre a homossexualidade, que não poderiam ser respondidas pelos amigos.

Foi durante uma coversa com um dos amigos que ela soube que havia grupos no Facebook para mães como ela, que se apoiavam e se entendiam.

Nas buscas pela internet, ela lembra que encontrou a presidente nacional do grupo “Mães Pela Diversidade”. As duas conversaram e ela sugeriu que Josi fundasse um grupo no Estado. E foi o que fez há cinco anos.

“É bem diferente quando acontece dentro das nossas próprias casas. Muitas coisas eu não sabia, não entendia o que era transexualidade, não entendia várias coisas que, com o tempo e informações, fui aprendendo e hoje sei”, explicou.

Estado machista

No período de janeiro a dezembro de 2019 foram registradas em Mato Grosso 139 ocorrências com motivação homofóbica, conforme dados do Grupo Estadual de Combate aos Crimes de Homofobia (GECCH) da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT). Comparado a 2018, houve um aumento de 26%, já que naquele ano foram registrados 110 casos.

Para Josi, Mato Grosso ainda é um Estado muito machista. Ela mesma já passou por situações com a filha, ainda durante o ensino médio, quando a menina tinha 15 anos, e precisou mudá-la de escola por medo de agressão.

Reprodução

mae

Josi e outra integrante do grupo “Mães Pela Diversidade”

“A escola onde ela estudava era grande, católica, aqui do Estado mesmo. Lá ela sofria violência dos colegas. Quando havia alguma tarefa em grupo não a chamavam, era sempre excluída. Até começou a receber ameaças”, contou.

“Essa violência acontece simplesmente por ódio. Uma pessoa que só tem ódio e sai matando, batendo, xingando a LGBT que ela encontrar pela frente”.

Apesar de tudo isso, Josi diz que a filha sempre foi bem orientada. Hoje ela está casada com uma de suas primeiras namoradas e mora no Rio de Janeiro.

Apesar de a filha ter ido trilhar seu próprio caminho, a professora mantém o grupo de mães e está sempre ativa para acolher aquelas que passaram pelo mesmo que ela.

“Eu não luto só pela minha filha, luto por todas as filhas e filhos, porque nem todos têm uma mãe que está do lado, que aceita, que acolhe, que entende e luta pelos seus filhos”, afirmou.

“Quero dar informações a eles, porque a gente acredita que a família não acaba quando se tem um filho LGBT, a família acaba quando tem falta de amor, falta de compreensão, falta de empatia”.

Quem tiver mais interesse em conhecer sobre o Grupo de Mães pela Diversidade pode acessar a página pelo Instagram.


Deixe um comentário ou dica do que gostaria que pudéssemos trazer de novidade para vocês. E se curte nosso CANAL faça uma doação de qualquer valor para que possamos continuar com esse trabalho.

PIX: (11) 98321-7790
PayPal: [email protected]

TODO APOIO É IMPORTANTE.

Compartilhar.

Sobre o Autor

DEIXE UM COMENTÁRIO

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.