Lançamento: “Em terra de homofóbicos casamento gay é arte. Artivismo, norma e disrupção”

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Livro propõe discussões acerca da censura a obras de arte contemporânea com temática LGBTQIAPN+

Geovanni Carvalho
Brasil de Fato | Juazeiro do Norte (CE)

Com autoria de Waldirio Castro, o livro “Em terra de homofóbicos casamento gay é arte. Artivismo, norma e disrupção” lançado na última sexta-feira (17), trata-se de uma publicação acadêmico-artística resultante da conclusão da especialização em Semiótica promovida pela Universidade Estadual do Ceará (UECE) do artista-pesquisador Waldírio Castro com orientação do Prof. Dr. José Leite Júnior. Produzido em parceria com os grupos Nzinga e Bixordia, o lançamento aconteceu na tarde desta sexta-feira em roda de conversa no Pátio Aberto do Centro de Artes da Urca (CArtes), no município do Crato, e contou com tradução simultânea em LIBRAS como estratégia de acessibilidade.

A produção de Waldirio Castro propõe discussões acerca da censura a obras de arte contemporânea com temática LGBTQIAPN+, e faz uma análise acerca da repercussão provocada pela exposição intitulada “O que pode um casamento gay?”. O trabalho que serviu de base para produção do livro e que foi alvo de censura durante a exposição no 70º Salão de Abril, em 2019, é uma instalação performática construída a partir de outras sete performances e contém fotografias, videoartes, registros e materialidades realizadas pelos artistas Eduardo Bruno e Waldírio Castro. A partir das performances, resquícios de materiais foram utilizados para a exposição, dentre esses resquícios, uma faixa pendurada na fachada do Centro Cultural Banco do Nordeste com os dizeres “em terra de homofóbico, casamento gay é a arte”. A faixa foi o suficiente para que a gestão do prédio intervisse na exposição e solicitasse a retirada da mesma após alegar “descaracterização da fachada do prédio”.

Segundo Waldírio, após a inauguração da exposição, em 2019, os artistas foram procurados por uma funcionária do prédio que solicitou a retirada da faixa, o que não foi acatado naquele momento, entretanto, dias depois, ao retornarem ao espaço se depararam com a ausência da faixa, movimentação que aconteceu sem aviso prévio aos artistas ou a curadoria do evento, caracterizando-se como censura. “Na época do ocorrido nós recebemos muitos comentários na internet de pessoas conservadoras rechaçando o trabalho em diferentes plataformas, no Instagram, no Facebook, nos portais de notícias, e foi a partir desses comentários também que surgiu a vontade de analisar quais são os efeitos produzidos por esses trabalhos com temática LGBTQIAPN+”, afirmou o artista..

Questionado pelo Brasil de Fato Ceará sobre as dificuldades em se produzir um livro com temática LGBTQIAPN+, o autor ressaltou que o mercado editorial no Brasil já é bastante difícil para produções com essa temática e ainda reforça que o cenário se torna pior quando se fala em produções que acontecem no eixo norte-nordeste. Ainda assim, o autor acredita que o livro deve se tornar um importante documento histórico por se tratar de uma pesquisa acadêmica que pode ser utilizada por outros pesquisadores que estão atravessados pelas mesmas questões para produções futuras ligadas a sexualidade e arte.

A produção do livro aconteceu por meio do projeto “Construindo Reimaginações: Imagens e Artivismos Queer”, aprovado no Edital Ceará Da Cidadania e Diversidade Cultural, Área- Cultura LGBTQIA+, Categoria – Memória Cultural LGBTQIA+. O projeto recebe apoio da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará (Secult-CE) por meio da Lei nº 18.012 de 1º de abril de 2022.

Brasil de fato


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