Para uma grande parcela da população, ficar em casa não é sinônimo de segurança.
por Weslley Carvalho
O isolamento social, em grande parte do Brasil, começou há mais de um mês. Com ele, quase que em efeito dominó, o aumento dos índices de violência contra mulheres e LGBTs, este pouco falado. Ainda que os dados de violência durante esse começo de isolamento sejam imprecisos, não é preciso ir muito longe para encontrar os rastros de violência. Do meio de março até a primeira semana de abril, recebi pelos menos três relatos de amigos próximos e conhecidos LGBTs que tem passado ou passaram por episódios recentes.
Com a convivência intensificada dentro de casa, tem aumentado ainda mais a violência física e os maus tratos psicológicos: agressões tanto por parte de pais/mães/familiares LGTBfóbicos, quanto por parte de relacionamentos tóxicos, indo desde o abuso psicológico até a violência física – ou sexual.
Ainda que a questão seja pouco abordada, relações LGBTQI+, como qualquer outra, podem ser abusivas. Gays, lésbicas, bissexuais, homens e mulheres trans, binários ou não-binários podem estar em relacionamentos ruins, complicados, agressivos, abusivos.
O que tem peso agora é o que acontece da porta pra dentro. Passando mais tempo confinados dentro de casa, não podendo ter contato físico com os amigos, com os nossos amores, parceiros, com a rede de apoio que muitas vezes só encontramos fora da família, a convivência com os agressores ainda é maior e mais extremada.
Ainda que a violência física seja o principal alarme do que acontece contra a população LGBTQI+, e também o que mais choca e aumenta as estatísticas, existem outros tipos de violências que, embora indiretas, são tão nocivas quanto as que acontecem diretamente.