Getting your Trinity Audio player ready...
|
Apesar da resistência de grupos religiosos, nacionalistas e da extrema direita, a Grécia está prestes a decidir sobre a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo – incluindo a adoção, mas sem permitir tratamentos de reprodução assistida ou barriga de aluguel para casais homossexuais.
A proposta de lei, que será votada na quinta-feira (15), gerou polêmica desde sua apresentação em janeiro, provocando um abalo significativo no cenário político, social e religioso do país. O Santo Sínodo da Igreja Ortodoxa Grega divulgou um manifesto explicando sua oposição ao casamento gay, alegando que a medida neutraliza a paternidade e a maternidade.
Apesar dos apelos da hierarquia religiosa para que o público se oponha ao projeto, a Grécia pode se tornar o primeiro país ortodoxo a permitir o casamento entre pessoas do mesmo sexo após a decisão da votação.
A questão do casamento igualitário divide a Nova Democracia, partido no poder na Grécia desde 2019. Pelo menos 20 deputados do partido se manifestaram contra o projeto de lei, incluindo o ex-primeiro-ministro grego, Andonis Samaras.
Apesar da oposição interna, espera-se que o primeiro-ministro Mitsotakis consiga reunir votos suficientes para aprovar a medida, contando com o apoio dos partidos de esquerda, com exceção do KKE comunista, que devem votar a favor.
Já os partidos de extrema direita e nacionalistas Greek Solution, Niki e Spartans anunciaram publicamente sua decisão de votar contra o projeto.
A menos que ocorram surpresas de última hora, a Grécia se tornará, em 15 de fevereiro, o primeiro país ortodoxo a permitir o casamento igualitário para todos os cidadãos.
Em 2013, a Grécia foi condenada pela Corte Europeia de Direitos Humanos por discriminação contra a comunidade LGBT, após casais do mesmo sexo terem sido excluídos de uma lei de união civil em 2008. Atualmente, casais homossexuais na Grécia ainda não têm acesso a tratamentos de reprodução assistida ou barriga de aluguel, procedimentos que são restritos a mulheres solteiras ou casais heterossexuais. Além disso, a adoção por parte do segundo genitor em casais do mesmo sexo, mesmo que sejam casados, não é automática e ocorre após o nascimento da criança.