Erika Hilton: ‘Nós, travestis, somos a vanguarda da revolução que a política precisa’

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Por Camila Cetrone, Manuela Azenha e Natacha Cortêz

Erika Hilton apareceu pela primeira vez na política em 2018, aos 26 anos. Fez parte da Mandata Ativista, candidatura coletiva eleita para a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). Alí, já deixava sua inconfundível marca e oferecia seu prenúncio: quebraria padrões, barreiras e assumiria postos nunca antes ocupados por uma mulher trans.

Foi assim em 2020, quando além de eleita a primeira trans a ocupar uma cadeira na Câmara Municipal de São Paulo, consagrou-se como a vereadora mais votada do país. Nas eleições de 2022, repetiu o ineditismo, tornando-se, ao lado de Duda Salabert (PDT), a primeira travesti a integrar o Congresso Nacional – mandato que inicia em 2 de fevereiro de 2023 junto de outras 90 deputadas federais, o quadro mais feminino da Câmara Federal até então. “Travesti preta eleita”, comemorou no Instagram o resultado do último pleito.

Certa de que sua presença em Brasília é um importante passo para uma nova política brasileira, Erika afirma a Marie Claire que representa a vanguarda de uma revolução “necessária” que cumpre um papel generoso de limpar os olhos da política acerca das identidades trans. “Não existe nada mais caro para nós do que o reconhecimento da nossa humanidade”, acrescenta.

Nascida em Franco da Rocha, na região metropolitana de São Paulo, Erika foi expulsa de casa aos 14 anos e chegou a se prostituir antes de se reconciliar com a mãe e retomar os estudos. Entrou para o ativismo organizando um abaixo-assinado pelo uso do nome social no cartão de transporte público de Itu (interior de SP).

Para o seu mandato, escolhe o combate à fome como pauta primordial e assegura: as questões das populações LGBT, negra e de mulheres atravessarão toda a sua atividade legislativa  — Foto: LUFRÉ

Para o seu mandato, escolhe o combate à fome como pauta primordial e assegura: as questões das populações LGBT, negra e de mulheres atravessarão toda a sua atividade legislativa — Foto: LUFRÉ

A Marie Claire, a parlamentar fala ainda da crise estética que torna inacessível o establishment nacional, de sua mais urgente pauta para o mandato, de como será seu posicionamento diante do governo Lula e como pretende trabalhar junto à bancada feminina na Câmara: “É necessário nos unirmos para darmos respostas às necessidades das mulheres brasileiras”.

MARIE CLAIRE A senhora costuma dizer que a política é “cafona”. Pode explicar por quê?
ERIKA HILTON A política é cafona, cinza, mal vestida, não tem preocupação estética. Ela se organiza de forma arcaica, ultrapassada, no sentido de manter a juventude e manifestações artísticas e culturais longe dela. A política é cafona porque não se adequa às mudanças do tempo, às transformações da sociedade e tenta se manter ali cristalizada, engessada, dura, num formato que não é mais o de fazer política em 2023.

Uso a moda, a arte, a cultura e a beleza para fazer política. Não à toa sou uma parlamentar conectada à juventude, aos movimentos sociais, aos debates que acontecem na sociedade. A partir disso, promovo a inserção desses grupos dentro do cenário político também.

Revista Marie Claire


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