Clérigos homossexuais e a discussão em torno do próximo Sínodo da Igreja de Inglaterra

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No Sínodo Geral da Igreja de Inglaterra realizado em fevereiro deste ano, houve a aprovação da bênção a casais do mesmo gênero, mantendo a definição de casamento como sendo apenas entre homem e mulher. Além disso, foi revogado o documento em vigor sobre sexualidade, conhecido como Issues on Human Sexuality, e a House of Bishops se comprometeu a elaborar um novo documento com orientações pastorais.

O documento anterior, Issues on Human Sexuality, datado de 1991, apresentava algumas ideias relevantes:

  • – Reconhecimento de que as relações sexuais têm como propósito estreitar os laços entre casais, além da procriação.
    – Definição de que o casamento é exclusivamente entre homem e mulher.
    – Necessidade de monogamia e fidelidade em relacionamentos tanto heterossexuais quanto homossexuais.
    – Reconhecimento de que algumas pessoas, independentemente de sua orientação sexual, são chamadas ao celibato e a igreja deve apoiá-las.
    – Existência de casais homoafetivos que optam pelo celibato e outros que não se sentem dessa maneira.
    – Obligatoriedade dos clérigos homossexuais serem celibatários, podendo ser solteiros ou viver em união civil legal com um parceiro.

O próximo Sínodo Geral da Igreja de Inglaterra, previsto para ocorrer de 13 a 15 de novembro em Londres, levantou expectativas de mudanças nas regras quanto aos clérigos homossexuais nas novas orientações pastorais, uma vez que o documento anterior, Issues on Human Sexuality, foi revogado.

No entanto, as últimas informações indicam que no próximo Sínodo apenas será apresentado um esboço das Orientações Pastorais, com enfoque nas orações litúrgicas relacionadas à bênção de casais do mesmo sexo, que já havia sido aprovada. Não há menção à alteração das normas sobre sexualidade para clérigos.

Em comunicado, justificou-se o silêncio em relação a essa questão devido ao período de instabilidade vivido e à polarização existente dentro da igreja. A intenção é manter a unidade e preservar a integridade da Igreja, conforme afirmou a bispa de Londres, Sarah Mullally.

A falta de regulamentação tem gerado instabilidade entre os clérigos LGBTQIA+, seus parceiros e comunidades, assim como na própria Igreja.

Um exemplo próximo vem da Capelania da Igreja de Inglaterra no Porto, em Portugal, onde a comunidade expressou sua preocupação por meio de uma carta aberta aos membros do Sínodo. O tema em questão e a falta de definição sobre os clérigos unidos por casamento civil têm causado impactos significativos.

Até o momento, o padre inglês David Hawthorn atua como capelão daquela comunidade, havendo sido autorizado a oficiar após o período de instabilidade gerado pela pandemia e a ausência de um capelão oficial na Capelania de St James no Porto.

David Hawthorn decidiu estabelecer-se em Portugal após uma longa carreira no ministério ordenado na Inglaterra. No entanto, surgiu um conflito normativo em relação ao seu estado civil e à legislação portuguesa. David Hawthorn possui uma união civil estável e duradoura com seu companheiro de vida, mas as normas canônicas expressas no documento “Issues on Human Sexuality” entram em conflito com as leis portuguesas. Enquanto na Inglaterra os efeitos legais do casamento e da união civil são os mesmos, em Portugal existem diferenças significativas, especialmente em relação aos direitos póstumos do parceiro sobrevivente e aos direitos sobre a propriedade em que residem.

Mesmo levando em consideração o cumprimento das orientações canônicas da Inglaterra, que exigem uma vida celibatária, em Portugal não seria possível estabelecer legalmente uma união de facto, uma vez que um dos critérios é o compartilhamento do mesmo leito conjugal. Portanto, o casal se viu obrigado, por motivos legais, a contrair casamento civil em Portugal.

Devido a essa situação, a permissão de David Hawthorn para oficiar na capelania não foi renovada, e o padre está afastado de suas funções. A aplicação do antigo documento sobre sexualidades parece ter sido uma das razões para essa decisão.

Com informações SETE MARGENS


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