Esse tsunami de desabafos cheios de sofrimento e tristeza desconstroem o discurso humanista de Ellen DeGeneres na TV. A estrela do canal NBC sempre pregou o exercício da empatia, a igualdade entre as pessoas e o combate a qualquer preconceito. Usava seu próprio exemplo de mulher lésbica vítima de discriminação na árdua trajetória até o sucesso. Ícone de bem-estar, agora ela mais parece uma fraude.
Das centenas de celebridades que participaram de seu programa nos últimos 17 anos, apenas o ator Ashton Kutcher e a cantora Katy Perry a defenderam publicamente. Ambos foram criticados por ignorar a gravidade dos fatos narrados por quem padeceu atrás das câmeras enquanto os telespectadores se divertiam com o maravilhoso mundo pintado por Ellen.
A falta de uma resposta crível por parte da apresentadora piora o quadro. Ela parece anestesiada diante dos ataques. Talvez ainda custe acreditar que seu poder e status estão derretendo. O próximo a ser afetado será o bolso. Anunciantes estudam suspender comerciais nos intervalos da atração e cancelar campanhas publicitárias previstas no pós-pandemia.
O retorno dela como host da cerimônia do Oscar se tornou improvável. Alguns ex-colaboradores pretendem entrar na Justiça a fim de pedir indenização por danos morais. O planeta assiste a um ídolo do entretenimento despencando do pedestal, assim como as estátuas de vilões da história destruídas pelos movimentos antirracistas nos últimos meses.