A perversidade da polícia do Egito para “localizar” homens gays no país

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A homossexualidade nem é crime nessa nação de maioria islâmica, mas as autoridades realizam “caçadas” complexas para encontrar esses cidadãos e puni-los.

Ser homossexual ou ainda ser homem e praticar sexo com outro homem não é crime no Egito. Não há qualquer lei no ordenamento jurídico desse país do norte da África, de maioria muçulmana, que considere tais situações uma ilegalidade e, portanto, passível de condenação. No entanto, isso não é o suficiente para que gays egípcios simplesmente tenham a liberdade de se relacionar com quem quiserem, e, observem, nem estamos falando de apenas de se proteger contra o preconceito e a homofobia.

Mesmo sem ter um crime efetivamente praticado, os homossexuais na nação conhecida por sua ancestral civilização e pelas incríveis pirâmides deixadas por ela estão indo parar na cadeia e são alvo de uma verdadeira “caçada” por parte da polícia nos principais centros urbanos. E para realizar essa “busca” por gays e colocá-los atrás das grades, as autoridades locais empregam complexos expedientes. Juridicamente, eles usam o crime de “libertinagem” para enquadrá-los, um artigo do código penal voltado inicialmente a coibir a prostituição.

Uma reportagem da rede estatal britânica de jornalismo BBC, republicada pelo diário chileno La Tercera, mostrou que agentes de segurança egípcios estão abrindo perfis falsos em aplicativos de encontro e namoro voltados para gays, que em sua totalidade são plataformas estrangeiras, e entrando em contato com esses “pretendentes”. Os diálogos, diz a matéria, reproduzem um flerte que seria “normal” para os padrões locais, com frases e perguntas como “você já dormiu com homens antes?”, “vamos querido, não seja tímido, podemos nos encontrar em público e depois ir para o meu apartamento”.

A partir daí, dois caminhos podem ser tomados. Se o indivíduo ficar receoso e não concretizar o encontro, a polícia já tem “provas suficientes” de que ele é gay e então sua prisão será requisitada à Justiça e ele certamente será detido em casa, no trabalho ou na rua. Se optar por ir ao “date”, aí fica mais fácil para as autoridades, que a prendem em flagrante ali mesmo, como vem ocorrendo com certa frequência. Obviamente as prisões acabam levando a casos de espancamento, humilhações, mutilações e outras práticas aterrorizantes.

O Egito tem uma das sociedades mais homofóbicas do planeta. Ainda que inúmeras outras nações do mundo árabe e de credo islâmico de outros continentes tenham leis que criminalizam a homossexualidade, o que não é o caso de lá, nenhum outro lugar atingiu um nível tão gritante numa pesquisa que perguntou às pessoas se “relações homossexuais devem ser aceitas”. Foram 95% dos entrevistados dizendo que não.

Os estrangeiros também não têm vida fácil por lá. Eles são igualmente abordados nesses aplicativos e, nos casos em que demonstram interesse explícito ou então marcam o encontro, são presos e depois expulsos do Egito. Os repórteres da BBC tiveram acesso a um documento no qual consta o relato de um dos agentes policiais que conseguiu a “confissão” de um cidadão não egípcio.

“Ele admitiu sua perversão, sua vontade de se envolver em libertinagem de graça e enviou fotos de si mesmo e de seu corpo… Conseguimos prendê-lo, acusamo-nos de libertinagem e ele foi deportado para seu país de origem”, diz o trecho do relatório judicial.

Para tornar tudo ainda mais sombrio, a reportagem mostra que não são apenas os “guardiões da lei” que atuam contra os gays no país de maioria islâmica. Gangues e grupos criminosos, muitos deles compostos por elementos radicalizados em questões religiosas, também entram nesses aplicativos para tentar encontros com homossexuais. Quando têm êxito, eles abordam a pessoa, a obrigam a admitir que é homossexual, sob ameaça de arma de fogo ou de facas, e então publicam a “confissão” em plataformas como o Facebook, YouTube ou WhatsApp para expor a todos seu “crime”.

Revista Fórum


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