Youtuber Vítor diCastro sobre homofobia: “Achava que eu valia menos por ser gay”

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Autor da série ‘Deboche Astral’ conta como a experiência de aceitar a própria sexualidade, depois dos 20 anos, contribui para seu ativismo.

Bia Rohen (@biarohen)

Vítor diCastro, de 31 anos, aproveitou a quarentena para bombar suas redes sociais com vídeos de humor. Entre um post e outro de sua série Deboche Astral, em que ele fala sobre as características de cada signo, o influencer compartilha com os mais de 1 milhão de seguidores suas reflexões sobre direitos humanos.

No mês do Orgulho LGBT, comemorado no dia 28 de junho, Vítor diz a Quem que entende a importância de sua voz no movimento.

“Vivar referência me fez ser mais cobrado, ainda mais na era do cancelamento. Tenho que me posicionar sobre os assuntos, mas da maneira que o público espera. Se eu falar uma besteira vai ter peso 2. Lido com isso de uma maneira tranquila porque entendo que o papel que posso ter na desconstrução de uma pessoa ou na representatividade é mais importante. Claro que tomo muito cuidado e faço meu conteúdo com muito zelo, porque espero que as pessoas vejam posts relevantes e pensem a partir do que mostro para elas. Mas entendo que só uma foto que posto de unha pintada já fala muito, e às vezes nem é o que quero dizer, sou só eu vivendo minha vida”, avalia.

“Por mais que seja mais uma responsabilidade, acho ótimo porque sempre quis ter essas referências gays e não tive. Eu faço parte de uma geração na internet que, talvez seja a primeira, que fala sobre as próprias vivências enquanto LGBT”, afirma.

Vítor diCastro (Foto: Brenno da Matta/Divulgação)

Vítor acredita que uma das partes mais importantes de seu trabalho é ajudar famílias, além de deixar seu “legado” para a sociedade.

“Cada vez que eu tenho mais destaque, só penso que quero mais ainda porque entendo a diferença que isso faz para o outro. Gosto quando mães vêm me procurar para dizer ‘Hoje eu aceito e respeito mais meu filho por te acompanhar’. Isso é bonito e forte pra mim. É importante porque sei que a imensa maioria dos LGBTs são calados pela religião, pela família, pela escola, pela sociedade… se eu conseguir fazer minha voz ecoar enquanto um monte de gente é silenciada, será lindo! Esse é o tipo de coisa que a gente deixa para o mundo. Posso morrer amanhã que essas coisas vão continuar reverberando. É o meu legado”, diz ele.

O criador de conteúdo diz que chegou a ter a personalidade silenciada pela sociedade, e que sua experiência é a força para dar voz a quem sofre da mesma forma.

“A homofobia me calou por muito tempo. Demorei para me encontrar e entender que tenho talento e poderia brilhar fazendo meu trabalho mesmo sendo gay. Só fui me aceitar depois que já tinha saído da faculdade, com vinte e poucos anos. Venho de uma família muito católica, e por isso cresci com esse pensamento conservador, achando que por ser gay eu sou menor, valho menos, não posso ser feliz, não tenho direito a uma família, ao amor e a conquistas. Tentei por muito tempo me encaixar numa heteronormatividade. Só quando adulto que entendi que além de gay poderia ser o que quisesse. Essa libertação é o que me faz ter forças para incentivar outras pessoas a viverem esse processo, porque já estive do outro lado e não faz muito tempo, foi há menos de dez anos”, desabafa.

“Quando vejo alguém falando o que passa por homofobia, fico muito tocado porque essa é uma lembrança muito próxima que tenho. Quando eu era criança, passei pela tal da terapia de conversão sexual. É marcante estar no consultório com uma psicóloga tentando te convencer a ser mais masculino do que você é. É difícil porque esperamos dessas pessoas que elas sejam estudadas e tenham razão. Isso me fez ser outra pessoa. Me transformei num homem pseudo-heterossexual com 10 anos. Isso é muito violento”, lamenta ele.

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