Conceito. Diretora de entidade ressalta que cirurgia faz uma adequação sexual e não mudança de sexo
Entre os equívocos mais comuns que precisam ser corrigidos está o destaque dado à cirurgia como algo responsável pela construção de uma mulher. \”A transexual já nasce uma mulher. Esse termo construir tem que ser extinto bem como mudança de sexo. O que existe é a adequação sexual a homens e mulheres\”, explicou.
Walkiria ainda ressaltou a necessidade da criação de uma literatura positiva sobre a transexualidade, pois nos autos da medicina ela consta como transtorno psíquico. \”Homens e mulheres que vivenciam a transexualidade precisam ser ouvidos para o desenvolvimento de uma literatura mais atual sobre o assunto.\” E mais do que propor o debate, Walkiria sugere aos médicos brasileiros a troca de experiências e conhecimento com a categoria tailandesa. Assim, haveria a possibilidade de criar técnicas que melhor atendam os transexuais. \”Lá, existem as preocupações em preservar as terminações nervosas, a profundidade da neovagina e o direito à masturbação. É preciso ainda maior acompanhamento pós-cirúrgico, hormonal, psicossocial e psiquiátrico no país.\”
De acordo com o cirurgião plástico e professor da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, José Cesário Almada Lima , o procedimento cirúrgico é o mesmo no mundo todo.
\”A técnica é uma só: transformar o pênis e o escroto numa vulva e vagina. Agora, as táticas diferem. Nós usamos todos os elementos do pênis, com exceção da glande. Já a profundidade da vagina nada tem a ver com o orgasmo\”, disse o profissional. Ele garantiu que a tática usada pela equipe do hospital São José preserva o principal para o paciente: forma e a função.
\”Esses 34 casos operados pelo hospital registram 100% de sucesso e não é só anatômico. O sucesso é psicológico e social. Inclusive, todos têm orgasmo na manipulação de sua genitália e na penetração\”, reforçou o médico. O procedimento cirúrgico do São José é particular. Já no Hospital das Clínicas, os casos são encaminhados pelo próprio ambulatório de urologia da instituição.
\”Existe uma série de pré-requisitos para a operação. Entre eles, está a exigência do laudo psicológico ou psiquiátrico atestando a transexualidade. Outro ponto exigido é a maioridade\”, explicou Gilberto Lemos, membro titular da Sociedade Brasileira de Urologia e médico da clínica de urologia do hospital universitário da UFMG.
Pênis. Mais rara e em caráter experimental é a adequação para o transexual (mulher que pretende se adequar ao gênero masculino), conforme explicou Lemos. A reconstrução do pênis ainda não alcança resultados tão bons.
\”Essa cirurgia não é encantadora. Ela é mutilante, pois tem que se retirar ovários, útero, as mamas e ainda diminuir as nádegas. O procedimento é mais difundido na França, Bélgica e Estados Unidos\”, esclareceu o cirurgião Cesário.
Mudança. Walkiria La Roche, diretora de entidade, diz que alguns conceitos sobre transexualidade precisam ser alterados. |
O Tempo