Sexualidade e identidade: as novas perguntas da teologia

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Uma questão complexa que o teólogo assim argumenta: “Numa sociedade fechada, o discurso sobre homossexualidade é simples, se pode ou não se pode. É o bastante. Nada mais é necessário. Numa sociedade democrática e pós-moderno como a nossa, em que as linguagens da sexualidade se diversificaram e questionam a fé de uma maneira nova, as respostas da teologia também precisam ser adaptadas”. Não se trata apenas para dar respostas fundamentadas, não excludentes e aprofundadas aos irmãos e irmãs que reconhecem em si tendências homoafetivas mas, observa ainda Dom Gallo, que também é professor de teologia pastoral em Paris, “reconhecer que o homem contemporâneo expressa a sua sexualidade como uma forma de ser, como expressão de sua identidade. E a teologia não pode ignorar isso, mesmo sem pretender – convém reiterar – ocupar o lugar do magistério”.

A reportagem é de Luciano Moia, publicada por Avvenire, 29-01-2023. A tradução de Luisa Rabolini.

“Não pretendemos dar respostas para além do que diz o magistério. Aliás, reconhecemos que nem todas as perguntas têm uma resposta. Mas queremos contribuir para apresentar as perguntas de modo correto e, acima de tudo, visamos enriquecer a linguagem e aumentar a capacidade de se colocar em diálogo“. Assim Dom Marco Gallo, professor de liturgia e teologia dos sacramentos do Instituto superior de ciências religiosas e do estudo teológico interdiocesano de Fossano, explica os objetivos do curso de teologia sobre “Cristianismo e homossexualidade” que terá início no próximo dia 9 de fevereiro.

Uma iniciativa que pode parecer surpreendente apenas para quem não quer ouvir os muitos pedidos de aprofundamento que vêm tanto dos alunos – leigos e seminaristas – quanto dos garotos das turmas de religião. Perguntas às vezes incômodas, às vezes provocativas, porém sempre desafiadoras, que a teologia não pode desconsiderar, porque, sublinha Dom Gallo, “está em jogo a relação entre a vida e a fé, entre a consciência e a fé. E não podemos resolver a questão simplesmente citando uma norma ou uma proibição. Hoje não é mais aceitável resolver as coisas assim”.

Uma questão complexa que o teólogo assim argumenta: “Numa sociedade fechada, o discurso sobre homossexualidade é simples, se pode ou não se pode. É o bastante. Nada mais é necessário. Numa sociedade democrática e pós-moderno como a nossa, em que as linguagens da sexualidade se diversificaram e questionam a fé de uma maneira nova, as respostas da teologia também precisam ser adaptadas”. Não se trata apenas para dar respostas fundamentadas, não excludentes e aprofundadas aos irmãos e irmãs que reconhecem em si tendências homoafetivas mas, observa ainda Dom Gallo, que também é professor de teologia pastoral em Paris, “reconhecer que o homem contemporâneo expressa a sua sexualidade como uma forma de ser, como expressão de sua identidade. E a teologia não pode ignorar isso, mesmo sem pretender – convém reiterar – ocupar o lugar do magistério”.

Na realidade, durante o curso o tema homossexualidade é inserido em um discurso mais amplo, que diz respeito em geral à abordagem afetiva, à relação entre fé e sexualidade, ao tema da identidade. “Percebemos que, acenando à questão durante os cursos de teologia do matrimônio – observa o teólogo – a gente era bombardeada por uma enxurrada de perguntas e acabava não conseguindo completar o programa previsto. Assim, junto com meu colega Dom Domenico Degiorgis, nos encontramos diante de uma encruzilhada: ou não dizer nada, ou dedicar grande espaço à questão da homossexualidade sacrificando os outros temas.

De acordo com o Bispo Piero Delbosco, decidimos propor um curso específico”. Por enquanto se trata de uma oferta complementar. Veremos no futuro. Em quatro meses de aulas será abordada uma parte histórica, que reconstrói como a questão homossexual surge de forma problemática desde os primeiros séculos da cristandade. Veremos também como o magistério enfrentou o tema, incluindo a evolução ligada à virada do Concílio Vaticano II sobre a relação entre fé e consciência para chegar às novas leituras da última década.

Depois, há uma parte bíblica à luz da exegese contemporânea – que, como se sabe, oferece interpretações surpreendentes sobre o tema, mesmo no que diz respeito a passagens que tradicionalmente eram lidas de forma diferente – e uma parte em que são examinadas as conclusões das principais escolas psicológicas.

O último aspecto diz respeito à questão moral e às experiências pastorais atuantes hoje, os grupos de partilha. “Nós queríamos uma abordagem muito séria precisamente porque os alunos pedem uma ajuda a este curso para ter as ideias mais claras. Ao fundo, o empenho em destacar a lição que, como disse o Concílio chega direto à Amoris laetitia, com um discurso original sobre liberdade e consciência que, como o Papa Francisco também repetiu, impõe inclusive à teologia novas abordagens.

Ihu


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