República no centro de SP recebe pessoas LGBT expulsas de casa pela família

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Por Rosana Pinheiro/Agência Plano

Iran Giusti, 29, é idealizador e presidente da ONG Casa1, república de acolhida no centro de São Paulo para pessoas LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) que por suas orientações sexuais ou identidades de gênero são expulsas de casa pela família. Giusti recebeu a nossa reportagem no Galpão Casa1, também no centro, onde acontecem as atividades educacionais e culturais da organização, abertas não só aos moradores da república. “Aqui a gente tem a política de portas abertas. Então com certeza seremos interrompidos no meio da nossa conversa, tá?”, explica, sorridente, pouco antes da chegada de uma ex-moradora ao local.

Ao decorrer da entrevista, Giusti recebeu pessoas do bairro interessadas nos cursos de línguas oferecidos gratuitamente pela Casa1, moradores, ex-moradores e a assistente social responsável pela república. Entre uma pausa e outra, falou com entusiasmo sobre como o projeto começou: “eu já gostava de receber pessoas e fazia airb&b. Até que um dia eu tive a ideia de fazer um post no facebook oferecendo o meu sofá para pessoas LGBT expulsas de casa. E estou aqui hoje”. Com a publicação, Giusti recebeu mais de 50 pedidos de abrigo. Viu nessa demanda a oportunidade de concretizar algo maior.

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Iran Giusti presidente e idealizador da Casa1. Foto: Mel Coelho / Agência PLANO

“Não existe o perfil do LGBT expulso de casa. Mas existe o perfil do que chega na Casa1: 90% é negro, 50% transgênero, 50% cisgênero e 99% em situação periférica”, conta. Em atividade há pouco mais de um ano, o projeto já recebeu 78 pessoas como moradores. “Nós estamos abertos 12 horas por dia, 7 dias por semana. É uma premissa nossa. Porque sabemos que as estruturas que atendem LGBT na cidade não são 24 horas”.

É preciso passar por uma triagem para conseguir uma vaga na república. “Acolhemos pessoas de 18 a 25 anos, que tenham sido expulsos ou sofrido situação de violência extrema, que não tenham doença mental severa e não tenham dependência química severa”, conta Giusti. A triagem é feita por uma equipe de médicos, psicólogos – muitos deles voluntários – e pela assistente social que acompanha o dia-a-dia da casa. Quando passam a integrar o grupo de 20 moradores, eles têm até 4 meses para encontrar nova morada. Isso porque, oficialmente, a ONG não se caracteriza como casa de continência, mas república de acolhida.

Todos os moradores começam a vivência na casa participando de uma “roda de planejamento”. Munidos com uma apostila que é preenchida no período em que estão lá, eles discutem tópicos como trabalho, educação e moradia. Traçam passo a passo, desde os objetivos mais simples, como renovar ou tirar documentos básicos – RG, CPF, certidão de nascimento – até a confecção de um currículo e a busca por emprego. “É literalmente desenhar a sua vida no papel”, fala Giusti. “O ideal é que no primeiro mês a pessoa se adapte. No segundo já comece a ir atrás de emprego e reestruturação da vida mesmo. Para quando chegar no quarto mês, a saída acontecer da melhor forma possível”. Mesmo assim, a ONG já teve problemas pontuais com moradores na hora de deixar a república.

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Mel Coelho / Agência PLANO

“Tem uma coisa que eu sempre falo: não é porque você foi expulso de casa que aos 18, 19 anos você vai desenvolver senso de responsabilidade”, fala Giusti ao explicar as regras que os moradores devem cumprir se para aproveitar os benefícios no período. “A gente consegue – às vezes em tempo recorde – consulta odontológica, por exemplo. E aí percebemos que alguns faltavam ou esqueciam. Então, a partir de agora, quem falta em consulta sem justificativa leva advertência. Com três advertências, o morador é obrigado a deixar a república”.

 

https://br.noticias.yahoo.com/republica-no-centro-de-sp-recebe-pessoas-lgbt-expulsas-de-casa-pela-familia-202405557.html


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