ONGs pedem criação de delegacia para apurar denúncias de racismo

da Agência Folha, em Curitiba
Representantes de duas ONGs de promoção a pessoas de ascendência negra formalizaram nesta quarta-feira à Assembléia Legislativa do Paraná pedido de criação de uma delegacia de polícia especializada em apurar denúncias de racismo. O presidente da Assembléia, Hermas Brandão (PSDB), prometeu transformar a proposta em lei em 15 dias.
Ele marcou uma audiência pública para debate do assunto na próxima terça-feira (4). No mesmo dia, promete apresentar o projeto de criação na delegacia na sessão plenária da Assembléia. Ele disse acreditar que o governador Roberto Requião (PMDB) também vai sancionar a lei, sem problemas.
O pedido da delegacia –que funcionaria como um serviço SOS Racismo– é uma reação à campanha racista e de discriminação aos homossexuais que surgiu no centro de Curitiba há 12 dias. Adesivos com mensagens preconceituosas foram colados em equipamentos públicos e fachadas de prédios. Também foram espalhados cartazes com os mesmos dizeres.
O material é assumido pelo Orgulho Branco e pela FAC (Facção Anti-Caos), grupos ainda desconhecidos. O Ministério Público Federal e a Polícia Civil abriram investigações para identificar os autores da panfletagem, mas nada foi descoberto.
O presidente do Instituto Brasil África, Saul Dorval da Silva, disse que espera atrair para a audiência pública, além da comunidade negra, descendentes de judeus e poloneses, índios e também gays. Ele diz que pessoas das comunidades que citou são alvo de freqüente discriminação, mas que “a estrutura falha da segurança pública desestimula o registro da queixa”.