Mais um grupo de travestis foi recolhido do Setor Comercial Sul

0

Por volta das 20h20 de ontem (29/11), em um ônibus da Polícia Civil do Distrito Federal. As travestis, profissionais do sexo que fazem ponto no SCS foram detidas para averiguação e levadas para a 1ª DP, na Asa Sul. Um grupo com mais de 15 ativistas que participavam de reunião do Fórum LGBTTT do DF em um dos prédios do Setor Comercial foi até o local para saber o motivo da detenção, ao que foram recebidos com violenta resistência, agressões verbais e até físicas. Os distintivos diziam apenas \”Polícia Civil\”, e nenhum dos agentes estava devidamente identificado. Os policiais receberam os ativistas aos gritos, mandando que fossem embora. Disseram que aquela era apenas uma ação de rotina para verificação de documentos de identidade das pessoas que estavam na rua à noite.

\”A gente pede a identificação, liga pra nossa central e verifica se a pessoa está limpa. Se estiver OK, é liberada. Várias outras (travestis) já foram liberadas. Agora, essas aqui estão sem documento de identidade. Como é que a gente vai saber? Às vezes a gente pergunta o nome, eles dizem um e é outro\”, justificava o policial que chegou a dialogar com o grupo.

Outros agentes diziam que só estavam levando as travestis para averiguação, cumprindo ordens superiores. Os demais, cerca de 25 agentes, faziam ameaças contra a liberdade e gritavam frases do tipo \”vocês não tem mais nada o que fazer?\”, \”vão arrumar uma trouxa de roupa para lavar\”, \”é melhor vocês irem para casa, ou a coisa vai piorar\”. Quanto mais os ativistas perguntavam, mais policiais iam chegando, nervosos, cercando o grupo de ativistas.

\”Só queremos saber por que essas pessoas estão sendo levadas, e para onde\”, perguntavam os ativistas. As respostas eram vagas e truculentas: \”estão indo para a DP, se quiserem mais informações, vão para lá\”. Ainda: \”estão querendo saber demais, vocês não têm nada a ver com isso\”.

Viados enchendo o saco
Ao ver o grupo se aproximando, um agente que vigiava o ônibus gritou, segurando o celular no ouvido \”Tem um monte de viado aqui enchendo o saco. O que a gente faz com eles? Leva junto?\”, demonstrando nitidamente a orientação institucional homofóbica que vem marcando as ações deste Governo. Percebendo que a ameaça não fizera efeito, os outros agentes se aproximaram, exercendo uma violenta pressão psicológica.

Diante da insistência dos militantes, os policiais partiram para o \”baculejo\”. Três ativistas foram agredidos verbal e fisicamente durante a revista. A única mulher presente também foi revistada, e em seguida liberada. Segundo a ativista, a agente terminou a revista recomendando que ela tivesse cuidado ao andar por ali à noite. \”Só hoje já foram dois homicídios aqui. E não foi por tiro, não. Foi esfaqueamento. Esse pessoal que tem raiva de puta…\” disse a policial. No entanto, a ação presenciada pelos membros do Fórum não era pela segurança das profissionais do sexo, e sim pela extinção de travestis na área.

Prisões sem justificativa
O grupo seguiu para a 1ª Delegacia de Polícia do Plano Piloto (1ª DP) para garantir que os direitos humanos das travestis detidas não fossem violados, e para denunciar o abuso de poder policial e as agressões por parte dos agentes daquela ação. O estudante de Direito Nicolas Braga e o advogado Anderson Braga, irmãos, também foram detidos, sem nenhuma justificativa. Ativistas do Fórum LGBTTT do DF e outros e outras militantes e defensores dos direitos humanos estão do lado de fora da 1ª DP aguardando a liberação dos dois detidos.

As travestis foram liberadas e levadas de volta ao SCS. Um grupo de cineastas que está acompanhando o caso de recolhimento das travestis foi atrás do ônibus com as travestis, mas até o fechamento desta matéria não as encontraram.

Baculejo na sauna e recorrência
Dois homossexuais freqüentadores da sauna do SCS passaram pelo grupo de ativistas quando já estavam de volta ao prédio onde acontecia a reunião e relataram a invasão de policiais e bombeiros à sauna gay que fica próxima ao local. \”Foram até educados, mas revistaram todo mundo\”, disse um deles.

O militante do movimento LGBTTT do DF, Luiz Carlos Timóteo, disse que o mesmo tipo de ação coordenada aconteceu às vésperas da realização da II Parada do Orgulho LGBTTT de Brasília. \”Para tentar impedir a realização da Parada, eles faziam baculejo em saunas, bares gays, no SCS e outros espaços de socialização LGBTTT. Mas nós não nos calamos e não vamos nos calar\”, insistiu Timóteo.

Barulho e movimento
O movimento social organizado de lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis e transgêneros articula, para o próximo domingo, dia 2 de dezembro, uma manifestação em protesto à política homofóbica que vem sendo aplicada pela atual gestão do Governo do Distrito Federal. Além do \”recolhimento\” das travestis do SCS, espaços de convivência freqüentados por pessoas LGBTTT no DF estão sendo fechados, multados, invadidos pela polícia etc.

Exemplo disso é o Bar Barulho, point LGBTTT localizado no Parque da Cidade, que foi fechado por falta de permissão e automática suspensão do alvará de funcionamento. No entanto, todos os outros estabelecimentos do Parque da Cidade estão com as permissões vencidas há tanto tempo quanto o Barulho – desde 2005. Apesar da renovação ter sido solicitada antes do vencimento, o GDF não concedeu a nova permissão até hoje.

O bar é amplamente freqüentado por pessoas de baixo poder aquisitivo, em sua maioria moradoras das cidades satélites, que têm ali a única possibilidade de diversão baixo custo, ou custo zero. O Fórum LGBTTT do DF entende que esta é mais uma das ações homofóbicas do governo Arruda/Paulo Otávio e luta pela reconquista desse importante espaço para LGBTTTs.

Enviado por Alexandra Martins, fonte Listas GLBTS


Deixe um comentário ou dica do que gostaria que pudéssemos trazer de novidade para vocês. E se curte nosso CANAL faça uma doação de qualquer valor para que possamos continuar com esse trabalho.

PIX: (11) 98321-7790
PayPal: [email protected]

TODO APOIO É IMPORTANTE.

Compartilhar.

Sobre o Autor

Comments are closed.