O movimento Panteras Rosa acusou o Hospital de Santa Maria, Lisboa, de discriminação a transsexuais, obrigados a ficar internados em função do seu sexo de nascença, mas a administração negou a existência de qualquer regra desse tipo.
Em comunicado, o movimento Panteras Rosa – Frente de Combate à LesBiGayTransfobia alega que «médicos responsáveis» do hospital lisboeta citaram «regras impostas pela nova administração» que levam a que «os/as transsexuais que tenham de ser internados/as» sejam «dirigidos para a enfermaria correspondente ao seu sexo biológico e não a enfermaria correspondente ao seu género».
Segundo o movimento, no mês passado, uma «mulher transsexual» que precisou de um internamento por 24 horas foi «informada que teria de ficar internada na enfermaria dos homens».
Classificar um/uma transsexual em processo de transição pelo género que está a abandonar é «altamente lesivo para a auto-estima de qualquer transsexual, claramente discriminatória e que pode levar a outras formas de discriminação».
O movimento «exorta a nova administração a rever com celeridade estas novas regras» para não sujeitar os transsexuais a «regras transfóbicas e humilhações gratuitas».
Contactado pela agência Lusa, o administrador hospitalar Correia da Cunha garantiu que «não há uma regra estrita» a aplicar nestes casos, reconhecendo que se trata de «uma área sensível» em que «cada caso é um caso».
Correia da Cunha disse à agência Lusa que «cada situação é apreciada pela equipa responsável, que toma medidas a contento dos interessados, dos outros doentes e do serviço».
«Não há nenhuma directiva do hospital para impor medidas discriminatórias, nem isso faria sentido em medicina», afirmou.
Correia da Cunha afirmou desconhecer queixas de utentes do hospital relativas a este assunto e assegurou que qualquer reclamação passaria sempre pelos directores dos serviços e pelo gabinete do utente daquele estabelecimento hospitalar.
As Panteras Rosa reiteram que «ainda há bem pouco tempo» qualquer transsexual que precisasse de ser internado/a seria «colocado na enfermaria correspondente ao género».
«Continuar a definir o género de uma pessoa pelos seus genitais de nascença é errado e inaceitável», afirma o movimento.
Portugal Diário