Lideranças conservadoras internacionais são convocadas a se unir em uma cruzada que tem como alvo influenciar a agenda de direitos humanos
A agenda conservadora do Brasil sobre os direitos humanos tem metas que extrapolam os limites dos oceanos. O governo de Jair Bolsonaro não mede esforços na construção de uma aliança com países conservadores para criar um grande levante mundial “pró-família”.
Por trás dessa cruzada está o objetivo de alterar a forma como organismos mundiais – ONU e OMS, entre outros – tratam assuntos como educação sexual e gênero, além do resgate de valores da família.
A mais recente investida vem da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves. Ela aproveitou a participação em um evento em Budapeste na semana passada, organizado pelo conservador húngaro Viktor Orbán, para conclamar os governos em torno do que chamou de “amigos da família”. As informações são do blog do jornalista Jamil Chade no UOL.
Em seu discurso, Damares lembrou que Bolsonaro foi eleito porque prometeu investir na família. Disse, ainda, que vai brigar na ONU pela defesa e resgate dos valores “que alguns setores tendem ainda a ignorar” e reforçou que o governo brasileiro vai se opor à ideologia de gênero.
Fazendo sua parte na cruzada pelo conservadorismo, o Itamaraty já está comunicando seus diplomatas sobre a intervenção da ministra. Algumas embaixadas foram comunicadas por telegrama, chamadas a contribuir com o levante conservador em diferentes países.
Vale lembrar que o Itamaraty implementou sigilo de cinco anos aos documentos que fundamentam os motivos pelos quais passou a rejeitar, na ONU, o uso dos termos “igualdade de gênero” e “educação sexual”, sob a alegação de preservar a posição negociadora do Brasil e proteger a segurança nacional.
Em campanha para uma vaga no Conselho de Direitos Humanos da ONU, o Brasil excluiu de sua lista de compromissos qualquer menção a termos como LGBT, homossexuais e políticas de gênero.