A tarde on line
Disposto a sustentar a afirmação de que não é o assassino do adolescente Lucas Terra, morto em março de 2001, o ex-pastor Sílvio Galiza, condenado a 15 anos de prisão, apontou, nessa quinta-feira, 29, em depoimento ao juiz da 2ª vara do júri, Vilebaldo Freitas, a existência de relação homossexual entre os dois religiosos da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), que ele acusa de terem matado o menino. Segundo ele, Lucas teria morrido porque flagrou o pastor Joel Miranda e o bispo Fernando Aparecido em ato sexual, tendo contado tudo para ele.
Em sessão movimentada, com diversas interrupções para questões de ordem e adequação das perguntas de ambas as partes (defesa e acusação), Galiza reafirmou as acusações contra os dois religiosos e apontou outra pessoa com provável envolvimento na morte do garoto – o segurança dos religiosos, identificado como Luís Cláudio.
O ex-pastor afirmou receber constantes ameaças da Universal para não revelar fatos omitidos anteriormente. A família dele, conforme garantiu em juízo, também era ameaçada e recebia dinheiro da igreja pela omissão.
Ele alegou receber visitas no presídio onde cumpre a pena em regime fechado e ameaças de um advogado da igreja. Afirmou, ainda, ter sido vítima de tentativa de envenenamento.
Galiza foi ouvido, nesta quinta, como declarante do processo penal contra o bispo Fernando Aparecido, que cumpre prisão preventiva na Polinter. Aparecido assistiu todo o depoimento de Galiza, de cabeça erguida e demonstrando muita ansiedade. A defesa dele, representada pelo advogado Mário Oliveira Filho, preferiu não questionar sobre o fato em si, limitando-se a perguntas que buscavam desfazer de Galiza, colocando-o como mentiroso e contraditório no processo: “Ele não tem compromisso com a palavra, não merece crédito”.
Já a acusação, representada pelo promotor Davi Gallo, se aproveitou das declarações. Explorou detalhes dos fatos narrados e tentou desatar pontos obscuros do homicídio. Lucas Terra foi abusado sexualmente e queimado ainda vivo. O corpo foi encontrado carbonizado na Avenida Vasco da Gama. “A motivação do crime para mim foi esclarecida. Tenho a certeza da participação não só do Galiza, mas dos dois pastores”, disse Gallo.
Quanto ao suposto quarto envolvido, o segurança Luis Cláudio, Gallo acredita que ele tenha participado do crime, ajudando no transporte da vítima.