Educação promove ações de combate ao preconceito sexual nas escolas

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Parecer que institui nome social de travestis em documentos escolares e seminários educativos refletem preocupação do órgão em promover políticas contra a homofobia

Aos 25 anos, Bianca cursa o supletivo da Escola Maria Ivone Santos de Oliveira, no Eustáquio Gomes. Depois de quase três anos sem estudar, ela já planeja cursar a universidade e ter uma vida melhor. Um sonho que, até pouco tempo, não era possível: Bianca, cujo nome de nascimento é Abimael, é travesti e sabe como a hostilidade e preconceito de colegas afasta os homossexuais da sala de aula.

\”Era um constrangimento terrível, pois nós optamos por uma identidade feminina, mas na hora da chamada na lista de chamada nossos eram masculinos e daí surgiam as chacotas dos colegas\”, lembra. No entanto, a aprovação do parecer 115 pela Secretaria de Estado da Educação (SEE) e Conselho Estadual de Educação trouxe-lhe nova esperança: agora, ela tem o direito de ser chamada pelo seu nome feminino, Bianca Lima, nos documentos escolares, a exemplo da chamada e matrícula.

Avanços – A aprovação do parecer 115 é comemorado pelo movimento LGBT como uma das maiores conquistas no combate à homofobia.Um feito pioneiro que fez Alagoas sair na frente de outros estados, conforme ressalta a gerente de Educação Étnico Racial e Gênero da SEE, Irani Neves.

\”A aprovação do parecer aconteceu em março e Alagoas implantou esta ação antes mesmo do Ministério da Educação instituir a adoção do nome social de travestis junto aos conselhos de educação\”, explica Irani.

Autor do projeto que deu origem ao parecer, o coordenador do movimento Pró-vida, Dino Alves, afirma que o parecer já apresenta resultados práticos, e, assim como Bianca outros travestis e transgêneros estão retornando ao ambiente escolar. \”A falta do nome social era um dos principais motivos de evasão escolar dos travestis, mas agora estas pessoas tem um novo estímulo para voltar a estudar\”, frisa Alves, adiantando que a ONG e a Secretaria de Educação farão um mapeamento das escolas que já utilizam o nome social.

Apoio – O retorno de Bianca à escola também é mérito do incentivo de Celi Barbosa, diretora da escola Maria Ivone. A unidade de ensino foi o primeiro a adotar a prática do nome social e, além de Bianca, mais três alunos travestis retornaram à sala de aula, o que ganhou destaque na mídia nacional. ?A adoção do nome social é um direito e aqui nossos alunos travestis se sentem tratados como cidadãos, pois temos uma relação aberta e sem distinções?, conta a diretora.

A volta aos estudos deu novo ânimo à Bianca, que não pretende mais interromper sua formação e mobiliza outros travestis a fazer o mesmo. \”Agora tenho perspectivas de fazer novos cursos e também a universidade, uma oportunidade que não vou deixar escapar\”, comemora Bianca, que é diretora da Cidadania e Direitos Humanos da ONG Pró-vida.

Diversidade – Conquistas como a de Bianca são possíveis graças à mobilização do movimento LGBT e sua parceria com o Poder Público na formulação de políticas de inclusão social. Um bom exemplo desta integração se dá na Gerência de Educação Étnico-Racial e Gênero da Secretaria de Estado de Educação, onde o órgão, em conjunto com as ONG´s, promove ações para o combate à exclusão de grupos até então classificados como minorias.

Uma ação neste sentido foi a realização da I Semana Pedagógica: Educação e Diversidade – Escola sem Homofobia, que reuniu diretores e coordenadores pedagógicos da rede estadual de ensino na discussão sobre a diversidade sexual no ambiente escolar. Durante o evento, que se encerra nesta sexta-feira (28), cada unidade teve a liberdade de abordar a temática de acordo com a sua realidade.

Uma das unidades onde já se refletem as consequências deste trabalho é a Escola Estadual Aurelina Palmeira, no Vergel do Lago. Lá os alunos participam de discussões que tratam a temática da sexualidade em toda a sua complexidade.

Sem preconceito- Professora de Biologia da escola, Leila Moraes é uma das educadoras que não se priva de conversar sobre o assunto com os adolescentes, tratando não só de homossexualidade, mas também questões como gravidez na adolescência, AIDS ou violência sexual. Para Leila, qualquer professor está apto para tratar sobre, desde que tenha empatia.

\”Trabalhamos o assunto tanto quando surge espontaneamente em sala de aula como também em atividades periódicas de acordo com o calendário escolar. No caso da homossexualidade, tentamos mostrar sempre que o caráter de uma pessoa é mais importante que a sua orientação sexual\”?, destacou.

O pensamento da professora é compartilhado por alunos da escola, a exemplo dos estudantes do 3º ano do ensino médio Robson Williams e Aysllane Batista, ambos de 18 anos. Os jovens têm amigos/vizinhos homossexuais e não vêem na opção sexual um empecilho para a amizade. \”Este meu amigo inclusive frequenta a minha casa e minha família gosta dele, não discriminando a sua condição\”, disse a jovem Ayslanne.

Primeira Edição


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