Portugal: D. José Ornelas “Conheço padres homossexuais que são excelentes padres”

0

Da infância difícil na Madeira, onde chegou a dividir uma laranja com outros familiares, à sua odisseia em Moçambique, acabando em Portugal. A história de vida do rosto da Igreja.

O desgaste dos últimos tempos é visível no seu rosto. Mas o humor, a gargalhada aberta e a emoção que transborda no seu olhar quando fala de Deus são desconcertantes. Quem não acredita, não muda de ideias mas respeita. Nasceu na Madeira em berço humilde, em 1954, firmou o espírito missionário na Zambézia e doutorou-se em ciências bíblicas na Alemanha onde se cruzou com os bispos eslavos que propõem um novo rumo para a Igreja. Considera que há homens que sofreram mais do que Cristo, como Luther King e Nelson Mandela, que esteve quase três décadas preso e, uma vez livre, não procurou vingança tal como fizeram os apóstolos seguindo as indicações de Jesus Cristo.

Há cada vez mais portugueses a passarem dificuldades, fruto da inflação, da subida dos créditos à habitação e do desemprego. Não acha que a voz da Igreja tem sido pouco ativa nesta matéria?

Tem razão quando diz que devíamos ter uma estratégia mais proativa. Mas nós temos querido estar ativamente no terreno a responder aos problemas concretos que são muitos. Quando fui nomeado bispo de Setúbal, estava o país muito debilitado e a sair da grande crise que levou à intervenção da troika. As coisas melhoraram um pouquinho, mas entrou um inimigo maior: a pandemia. Eu costumava reunir-me com os meus antecessores, D. Manuel Martins e D. Gilberto de Canavarro.

O primeiro, mais conhecido por bispo Vermelho, sempre foi muito interventivo.

Sim, e bem. Um dia disse-me: «D. José, andamos muito caladinhos!». Mas o que se vai fazendo ao nível das paróquias não dá notícia. A intervenção mais pública depende do espaço que a Comunicação Social dá. Mas houve uma boa cobertura do trabalho da Cáritas que está presente em todo o país. Durante a pandemia, distribuíram vales alimentares no valor de 80 euros cada, cerca de 160 mil euros em apoios pontuais como o pagamento de rendas de habitação. Na pandemia, trabalhámos muito com as autarquias e foram muito interessantes as sinergias com o poder político local e com a Segurança Social.  Duplicámos, a nível nacional, os apoios a milhares e milhares de pessoas que encontraram nas instituições da Igreja o essencial para superar a crise e isso ainda continua.

Antes com o problema da alimentação, agora com o problema da habitação. Nós temos consciência do papel que a Igreja desempenha em tantas famílias. Quando pedimos ao Estado que assuma mais responsabilidade neste domínio é porque temos consciência de que é necessário e que há o risco de muitas destas instituições colapsarem. Por exemplo, nos apoios à terceira idade, à infância, à deficiência, o que o Estado dá não chega a metade do custo real que significa apoiar estas pessoas. O resto é suportado pelas reformas que as pessoas têm segundo a capitação familiar (e as pessoas que nós servimos têm, na sua maioria, remunerações muito baixas). Isso significa que temos de recorrer a outras fontes de receita para atender às necessidades. A procura de apoio junto das instituições da Igreja é a maior de sempre.

Matéria completa aqui Sol.sapo.pt


Deixe um comentário ou dica do que gostaria que pudéssemos trazer de novidade para vocês. E se curte nosso CANAL faça uma doação de qualquer valor para que possamos continuar com esse trabalho.

PIX: (11) 98321-7790
PayPal: [email protected]

TODO APOIO É IMPORTANTE.

Compartilhar.

Sobre o Autor

DEIXE UM COMENTÁRIO

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.