A proliferação dos chamados tratamentos de \”restauração sexual\”, que pretendem \”reverter\” a orientação de homossexuais, preocupa o Instituto Nacional contra a Discriminação, Xenofobia e Racismo (Inadi) da Argentina, que se tornou o primeiro país latino-americano a aprovar, este ano, uma reforma legal para permitir a união entre pessoas do mesmo sexo.
\”Oficinas de capacitação\” sobre orientação sexual chamam a atenção de organizações sociais, que estudam empreender ações legais por considerar seu conteúdo discriminatório. A diretora do Inadi, Analia Mas, lembra que o objetivo de \”curar o homossexual\” viola o primeiro artigo da Lei contra a discriminação.
O chamado Ministério de Restauração Sexual da Igreja da Cidade oferece cursos de educação sexual em nível básico e avançado. \”É uma educação sexual integral, emocional e espiritual, com valores religiosos e princípios de vida básicos\”, explica à Agência Efe Adriana Sanz, professora do centro que oferece palestras em diferentes pontos do país.
Adriana afirma que os gays representam uma \”porcentagem grande\” que vão à instituição para superar \”problemas sexuais\”. \”Se alguém sente que a homossexualidade lhe causa dor, damos recomendações e múltiplas soluções para mudar\”, diz a professora.
\”A homossexualidade não é uma doença, é um desvio sexual. Se aprendemos a função sexual, então podemos corrigir todos os desvios\”, escreve Sanz em seu site.
Outro grande centro de restauração sexual da Argentina é a Fundação Pró- Integração e Saúde Sexual, que organiza cursos e tratamentos em Buenos Aires para pessoas \”em conflito com sua sexualidade\”, afirma a psicóloga da instituição, Magali Luengas.
A maioria de seus pacientes tem entre 18 e 30 anos e vai à entidade para tratar, entre outros assuntos, uma \”orientação homossexual considerada prejudicial aos próprios indivíduos\”.
Segundo o presidente da Federação Argentina de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais (FALGBT), Esteban Paulón, a maioria das pessoas que procuram esses tratamentos é de adolescentes levados pelos pais.
Estadão