Coronavírus: o que pessoas LGBT+ precisam saber para preservar sua saúde

0

Vulnerabilidades sociais, estigmas e preconceitos vivenciados por muitas pessoas LGBT+ podem impactar suas possibilidades de se proteger da pandemia

Lésbicas, gays, travestis e pessoas trans estão expostas ao novo coronavírus da mesma forma que o resto da população. No entanto, muitas pessoas LGBT+ no Brasil vivem situações de vulnerabilidade social e enfrentam estigmas e preconceitos que dificultam o acesso à saúde e à proteção de uma rede de suporte adequada, o que pode deixá-las mais desprotegidas neste momento de pandemia.

Na semana passada, o Ministério da Mulher, Família e dos Direitos Humanos lançou uma cartilha com informações sobre a prevenção da Covid-19  direcionada à população LGBT+. Antes da cartilha do governo, organizações do próprio movimento LGBT+ como a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), já haviam divulgado orientações de cuidado.

Para o médico infectologista Vinícius Borges, criador do canal de saúde Doutor Maravilha, voltado para a população LGBT, a divulgação de um material específico é positiva neste momento.

— Embora grande parte das informações da cartilha possa ser destinada à população como um todo, a população LGBT tem suas particularidades. Ela já convive com a LGBTfobia institucional, social e tem menor acessibilidade aos serviços de saúde, um material específico pode auxiliar na prevenção à Covid-19. O sistema de saúde está sendo testado como um todo. As pessoas que já são mais alijadas desse processo de inclusão podem sofrer ainda mais — afirma.

União no isolamento: paradas do Orgulho LGBT+ de diversos países se unem para fazer evento global online

A deputada estadual Erica Malunguinho, coordenadora da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos LGBT+ na Assembleia Legislativa de São Paulo, avalia que a cartilha está em consonância com o que o movimento está pautando nesse momento de Covid-19. Porém, alerta que é necessário fazer mais para garantir subsídio e acolhimento para essa população,  diante de um número expressivo de pessoas LGBT+ que foram expulsas de seus núcleos familiares, não adentraram o mercado formal de trabalho e que encontram na prostituição a única possibilidade de retorno financeiro.

— Para além de cartilhas, que são importantes e que cumprem com o papel informativo, nós precisamos de políticas efetivas — afirma a deputada. A frente parlamentar que coordenada tem pautado a necessidade de  repasses emergenciais a fim de garantir cestas básicas e produtos de higiene pessoal, cadastramento no Cadastro Único de LGBTQIA+ que são atendidas em equipamentos do município e do estado, atendimento psicológico diante do isolamento e da possível vulnerabilização psíquica e acolhimento de pessoas trans para abrigamento seguro em caso de vulnerabilidade ou violência doméstica.

Sintomas

Para se proteger, os especialistas e a cartilha orientam que o primeiro passo é conhecer os sintomas da  Covid-19, que são parecidos com o de uma gripe comum e incluem febre, tosse, dor de garganta, dor de cabeça, mal-estar e falta de ar, em casos mais graves. A transmissão ocorre por gotículas de saliva. Muitas pessoas podem não apresentar sintomas, mas mesmo assim transmitir a doença. Por isso, a recomendação é de não compartilhar objetos pessoais, bitucas de cigarro ou copos. Além disso, o isolamento social deve ser adotado sempre que for possível e, ao sair de casa, o ideal é evitar aglomerações, usar álcool gel e não tocar no rosto sem estar com as mãos limpas.

Profissionais do sexo

De acordo com dados da Antra, cerca de 90% das mulheres trans e travestis têm na prostituição a principal fonte de renda. Por isso, a associação recomenda que as profissionais evitem frequentar bares, boates, saunas, clubes de swing e festas e que ofereçam seus serviços pela internet deste período em que a recomendação é de isolamento social.

A orientação é reforçada pela cartilha no ministério, que alerta que determinadas condições de trabalho podem significar mais exposição à contaminação pelo coronavírus. “Se tiver que trabalhar, converse com seus clientes, tente a opção do serviço virtual”, orienta o manual.

— A recomendação é para que trabalhadoras e trabalhadores do sexo interrompam o sexo transcional nesse momento, mas a gente sabe que vive uma realidade muito desigual e que nem todo mundo tem condições de fazer isso — afirma o infectologista Vinícius Borges.

Ele orienta que, se for necessário continuar fazendo os programas, a profissional deve escolher clientes conhecidos, a quem pode questionar se apresenta ou não com sintomas. Além disso, Borges recomenda a utilização de máscara, preservativo e a lavagem das mãos.

Cuidados com a saúde mental

O isolamento social pode ser especialmente doloroso para pessoas LGBT+, já que, muitas vezes, elas não têm acolhimento na própria casa, afirma Bárbara Meneses, psicóloga do Centro Referência LGBT+ de Campinas — o primeiro no Brasil voltado para o atendimento de pessoas LGBT. Ela afirma que muitos LGBT+ estão expostos à violência neste período de quarentena, uma vez que estão sendo obrigados a conviver por mais tempo com seus agressores.

— Tenho recebido muitos pedidos de ajuda. As pessoas estão ansiosas, deprimidas e sofrendo por ter que ficar em casa com seus agressores. É uma situação muito difícil, muitas dessas pessoas não tem acolhimento na família, mas sim nos amigos, o que torna o distanciamento social extremamente complicado, ainda que muito necessário nesse momento — afirma.

Nos casos de agressão, as denúncias podem ser feitas pelo Disque 100, do governo federal. Em uma emergência, ela alerta que é possível acionar à Polícia Militar, pelo 190.

Ela também ressalta a importância de manter o contato com os amigos neste período, seja via chamada de vídeo, ou mensagem. Além disso, reforça que é preciso ocupar o tempo com atividades como exercícios físicos, leitura e estudos.

— É importante pensar no futuro, no que quer fazer depois que isso passar e usar esse tempo para se preparar para isso — afirma.

Também é possível buscar atendimento psicológico. Ela afirma que o centro está atendendo pessoas LGBT+ de todo o Brasil pela internet. Basta mandar uma mensagem via Facebook ou Instagram.

CR LGBT Campinas

há cerca de 2 semanas

COMUNICADO IMPORTANTE
Em virtude da pandemia de corona vírus, seguindo as recomendações dos órgãos de saúde e os Decretos Estadual e Municipal, o Centro de Referência LGBT suspendeu todas as atividades presenciais.
Estamos buscando alternativas para ampliar os atendimentos e atividades remotas, em breve postaremos aqui, mas por hora, estamos atendendo as urgências pelos watts Apps abaixo:
Plantão Psicológico (19) 996021824
Assistência Social, Denúncias e outras informações: (

Ver mais


Deixe um comentário ou dica do que gostaria que pudéssemos trazer de novidade para vocês. E se curte nosso CANAL faça uma doação de qualquer valor para que possamos continuar com esse trabalho.

PIX: (11) 98321-7790
PayPal: [email protected]

TODO APOIO É IMPORTANTE.

Compartilhar.

Sobre o Autor

DEIXE UM COMENTÁRIO

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.