Como é que o arco-íris se tornou um símbolo para a comunidade LGBTQIA+

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Todos os anos, em junho, a bandeira arco-íris é erguida e vista a voar orgulhosamente como o símbolo internacional para a comunidade LGBTQIA+. Mas como é que o arco-íris se tornou o símbolo do pride? A GQ conta-lhe.

by Ana Catarina Machado

O ano marcava 1978 quando Gilbert Baker, um artista norte-americano, veterano do exército, ativista dos direitos dos homossexuais e drag queen, desenhou a primeira bandeira arco-íris. Depois de ser incentivado por Harvey Milk – um dos primeiros políticos gay a ser eleito nos Estados Unidos da América -, a criar um símbolo que espelhasse o orgulho e empoderamento na comunidade gay, Baker decidiu aceitar o desafio e encaixar a bandeira naquela que seria uma missão que visava proclamar a sua visibilidade, e porque acreditava que estas tinham uma representação mais poderosa no que ao orgulho diz respeito.

Na altura, o triângulo rosa era a imagem mais usada para o crescente movimento dos direitos homossexuais. Contudo, esta imagem era igualmente utilizada pelos nazis como um símbolo para identificar os homossexuais. Com isto em mente, Baker nunca quis adotar um símbolo que fosse um retrato de um passado doloroso. Pelo contrário, ele queria criar um símbolo que fosse uma representação, sobretudo, de união.

Gilbert Baker, o criador da bandeira arco-íris, que é hoje símbolo da comunidade LGBTQIA+, em 2003 © Getty ImagesGilbert Baker, o criador da bandeira arco-íris, que é hoje símbolo da comunidade LGBTQIA+, em 2003 © Getty Images

E uma bandeira “não é uma pintura, não é apenas um pano, não é apenas um logótipo – funciona de muitas maneiras diferentes. Pensei que precisávamos desse tipo de símbolo, que precisávamos, como povo, de algo que todos compreendessem imediatamente”, confessou Baker, numa entrevista ao Museum of Modern Art, em 2015. “A bandeira arco-íris não diz a palavra “gay” e a bandeira norte-americana não diz “os Estados Unidos”, mas todos sabem o que significam. E essa influência veio realmente até mim quando decidi que devíamos ter uma bandeira, uma bandeira que nos cabe como um símbolo, como um povo e como uma tribo, se quiserem. E as bandeiras são para proclamar o poder, por isso é muito apropriado”, finalizou.

Tendo o arco-íris como fonte de inspiração face à diversidade que o mesmo transmite, o artista norte-americano elegeu oito cores para as oito linhas que pretendia ter na bandeira, dando um significado diferente a cada uma delas. De acordo com a fundação Gilbert Bake: o rosa quente para o sexo, o vermelho para a vida, o laranja para a cura, o amarelo para a luz solar, o verde para a natureza, o azul turquesa para a magia/arte, o azul índigo para a harmonia e o violeta para o espírito.

Celebrações do 25º aniversário de Stonewall, Nova Iorque, 1994 © Getty ImagesCelebrações do 25º aniversário de Stonewall, Nova Iorque, 1994 © Getty Images

Com a ajuda de cerca de 30 voluntários, Baker conseguiu criar, no Centro Comunitário Gay, em São Francisco, a primeira versão da bandeira arco-íris que foi exibida e levantada, pela primeira vez, a 25 de junho de 1978, durante o desfile anual do orgulho, em São Francisco, Califórnia. Ainda assim, a versão de oito cores teve de ser adaptada, mais tarde, para a versão de seis cores – a que vemos nos dias de hoje com o vermelho, o laranja, o amarelo, o verde, o azul e o violeta -, devido à produção das oito cores iniciais do arco-íris serem bastante caras nos anos 70, nomeadamente o rosa quente, o turquesa e o azul índigo.

Gilbert Baker morreu a 31 de março de 2017, apenas dois anos depois do casamento entre pessoas do mesmo sexo nos Estados Unidos ser aprovado. A sua bandeira só foi verdadeiramente estabelecida como símbolo de orgulho em 1994, mas é, desde então, que o seu legado é visto a voar orgulhosamente por todo o mundo, tanto em tempos promissores, como em tempos mais difíceis.

GQ Portugal


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