"Casamento gay? Farei assim que a lei permitir", diz reverendo
Dizem
que o reverendo Aldo Quintão, 49, é polêmico. "Não é bem assim. Sou
contemporâneo", diz ele, que é casado há 23 anos e tem um filho de 22.
Na
Catedral Anglicana, em Santo Amaro, zona sul, o brasiliense conquistou
fiéis com um discurso sem restrições. O direito ao aborto e o respeito
aos gays estão na pauta.
O padre, em São Paulo desde 1984, já celebrou mais de 3.000
casamentos. Para este ano, não há vagas nos dias mais procurados, sextas
e sábados.
*
Qual é o maior pecado paulistano?
O individualismo, que se
traduz na insensibilidade diante dos dramas sociais. Precisamos de mais
solidariedade. Parece óbvio, mas é muito difícil encontrar isso em uma
cidade como São Paulo.
Por que dizem que o sr. é liberal?
Talvez porque debato
questões polêmicas e defendo minorias. Temas como o direito ao aborto,
os estudos com células-tronco, o respeito aos gays e o uso de
anticoncepcionais devem ser abordados. Quero discutir o que é o mundo
contemporâneo –e não o que é a igreja.
São Paulo é uma cidade liberal?
Por um lado, é liberal. É
uma metrópole gigante, que garante o anonimato. Por outro, é
conservadora nas relações entre conhecidos. Somos liberais enquanto
cidade e conservadores enquanto família.
Quem frequenta a Igreja Anglicana?
Todos são bem-vindos.
Inclusive gays assumidos, divorciados e fiéis desiludidos com outras
religiões. O mundo moderno é marcado por uma sociedade plural. Na minha
leitura do Evangelho, todo mundo tem o direito de ser feliz. Aqui, as
pessoas sentem que as diferenças são respeitadas.
Quais foram os casamentos mais marcantes que realizou?
Foram
dois extremos. Um foi a união de dois amigos de infância, num rancho em
Pindamonhangaba (SP), onde brincavam quando crianças. O outro foi o
casamento do cantor sertanejo Bruno, no Terraço Daslu. Adoro música
sertaneja. De repente, vi que estava celebrando uma missa para Chitão-
zinho, Daniel e Michel Teló. O próximo noivo famoso é o cantor Paulo
Ricardo.
Quantos casamentos já celebrou?
Já fiz mais de 3.000
casamentos, 90% em São Paulo. Casei evangélicos, hindus, judeus,
muçulmanos, grávidas, desquitadas e por aí vai. Casamento gay? Farei
assim que a lei permitir.
Jornal Floripa