A fotógrafa que documentou a vida das mulheres lésbicas nos anos 70

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Nos anos 70, a fotógrafa Joan E. Biren, conhecida por JEB, não se revia nas fotografias de lésbicas que existiam na altura. “Elas não se pareciam com nenhuma lésbica que eu conhecesse: não se pareciam comigo, com as minhas amantes, com as minhas amigas”, explica numa entrevista recente. E qual a origem desse desfasamento? “Isso acontecia porque elas eram, normalmente, tiradas por homens brancos e heterossexuais.”

Fazer um retrato autêntico desta comunidade, nos Estados Unidos, foi o que motivou JEB a criar o conjunto de retratos que viriam a compor o fotolivro Eye to Eye: Portraits of Lesbians, editado pela primeira vez em 1979 pela própria e reeditado recentemente, em Março de 2021, pela Anthology Editions. A fotógrafa, que tem hoje mais de 70 anos, começou a documentar as vidas LGBTQI+ em 1971. “Em viagem pelos Estados Unidos, ela visitou comunidades urbanas e rurais, esteve presente em conferências femininas e festivais de música, em marchas de orgulho gay e lésbico” para criar um “retrato íntimo de lésbicas de muitas idades e contextos diferentes enquanto trabalhavam, brincavam, criavam os seus filhos, se apaixonavam e lutavam por refazer os seus mundos”, pode ler-se no comunicado enviado ao P3 pela editora nova-iorquina.

Eye to Eye foi, segundo a editora, “o primeiro livro de fotografia sobre lésbicas criado por uma lésbica a ser publicado nos Estados Unidos”, motivo pelo qual tem lugar cativo na história visual desta comunidade no país. JEB acredita que a fotografia tem o poder de abrir mentalidades. “Muitas pessoas diziam-me, na altura, que era impossível ser preta e lésbica ao mesmo tempo, ser lésbica e mãe ao mesmo tempo. A fotografia, ao mostrar que existe uma outra realidade, expande os horizontes de quem a vê.”

Era uma decisão arrojada, a destas mulheres, na altura, “devido a discriminação” contra este grupo, ter o retrato, juntamente com o nome, publicado no livro de JEB. Algumas mulheres partilharam, inclusive, as suas histórias pessoais no livro. “Fiz o livro porque gostava de lésbicas e queria que nós pudéssemos olhar para nós mesmas”, explica na entrevista supramencionada. “Queria que as lésbicas do futuro sentissem que pertencem a uma linhagem, que sentissem que tinham História, que pudessem ver-se espelhadas numa era que as precedia.” Hoje, Eye to Eye tem, além de valor artístico e documental, valor histórico.

Público.PT


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