A arte invisibilizada: websérie retrata marginalização da cena artística LGBTQIA+

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Documentário traz o dia a dia de cinco artistas baianos da sigla e conta com uma equipe 100%LGBTQIA+

Arte, cultura, entretenimento e ainda um tempero baiano. Tudo isso poderia ser abordado de uma forma solar e descontraída se não estivéssemos falando da cena artística LGBTQIA+. A websérie documental Queerbrada, cujo primeiro episódio foi lançado no último domingo (20), vem para mostrar que, nesse caso, os termos invisibilidade e marginalização também fazem parte do dia a dia de profissionais das artes.

Dividida em cinco episódios com pouco mais de 10 minutos cada, a série documenta a rotina de trabalho de cinco artistas baianos que fazem parte da sigla. De fotógrafo e poeta a Drag Queen e Cantora lírica, os personagens contam suas histórias e falam sobre os desafios e dificuldades enfrentados para trabalhar com arte na cena LGBTQIA+.

O idealizador e diretor do documentário, Matheus dos Anjos, explica que os episódios funcionam de forma independente, mas possuem um elo: o espaço urbano de Salvador, é ele que costura um personagem ao outro. Quem assistir ao documentário vai passear por “quebradas” já conhecidas da capital baiana: Pelourinho, avenida Carlos Gomes, os bairros de Periperi e Fazenda Grande do Retiro.

“A intenção de usar a cidade como um elo foi também mostrar esse outro lado da cidade, que foge da cultura dominante, que acolhe nossa comunidade e de onde sai muito material de entretenimento de qualidade. Mas, além disso, esse aspecto geográfico mostra também que o processo de invisibilização da cena acaba literalmente arrastando esses artistas para os locais mais escuros e com menos policiamento das cidades”, conta.


A escolha do nome da série também não foi por acaso. Ele veio da junção da palavra ‘Queer’ – uma espécie de termo guarda-chuva muito utilizado na cena para designar tudo aquilo que é diferente do padrão social – com a palavra ‘Brada’, que vem do verbo bradar e expressa uma ação de resistência política contra o silenciamento e o apagamento.

“A junção dessas duas palavras acabou gerando uma palavra muito semelhante a ‘quebrada’, termo usado para se referir a locais periféricos, que muitas vezes acabam sendo os únicos espaços disponíveis para que esses artistas ocupem”, esclarece o diretor.

Além de Matheus, a websérie conta com direção de Eduardo Tosta, cineasta baiano convidado para o Cannes no ano passado, pelo curta-metragem de animação Maratonistas da Quarentena. Em Queerbrada, a ideia, segundo Tosta, foi um visual mais arrojado, com câmera na mão, montagem mais dinâmica e uma proximidade de storytelling com o espectador. “Deu super certo e os personagens ajudaram bastante, já que todos são hipnotizantes”, conta.


A produção foi da Camaleoa Filmes, produtora que nasceu com a premissa de trazer pluralidade em suas produções. Não por coincidência, um dos critérios estipulados pelos diretores para a formação da equipe técnica foi justamente que ela fosse formada 100% por profissionais LGBTs.


Uma das coisas mais comuns no setor de audiovisual é a produção formada por pessoas que não têm a mínima vivência do que está sendo trazido no projeto. E isso cria uma ideia de automatismo, onde não precisa haver sensibilidade e relação com o que a gente está contando ali. Queerbrada trata de tantos temas pertinentes na vivência de pessoas LGBTQIA+, inclusive sobre a exclusão e dificuldades no mercado de trabalho. Não faria sentido ser executado por pessoas de fora da comunidade. Há tanta potência nessa equipe, foi uma construção primorosa trabalharmos juntos”, revela Tosta.


O primeiro episódio da série já está disponível no Youtube. Os outros quatro serão lançados a cada domingo até o dia 10 de abril, na mesma plataforma. O projeto tem apoio financeiro do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura (Prêmio Cultura na Palma da Mão/PABB) via Lei Aldir Blanc, redirecionada pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal.

 

Mariana Bamberg


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