Pesquisadoras e ativistas lésbicas criam o Arquivo Lésbico Brasileiro

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Biblioteca Virtual irá reunir conteúdos diversos sobre mulheres lésbicas brasileiras.

Fundado em dezembro de 2020, o Arquivo Lésbico Brasileiro é uma iniciativa de pesquisadoras e ativistas lésbicas. Seu principal objetivo é difundir a memoria lésbica no Brasil, através da preservação de diversos tipos de materiais que registram a história das lésbicas no país.

“O Arquivo Lésbico Brasileiro impacta no sentido de dizer que nós sempre estivemos aqui. Nós, lésbicas, somos resistência. E continuaremos incomodando”, comenta Julia Kumpera, professora e mestre em História pela Universidade Estadual de Campinas, Diretora financeira e cofundadora da ALB.

Julia Kumpera, diretora financeira do Arquivo Lésbico Brasileiro/Foto: Arquivo Pessoal

Para garantir o acesso facilitado a estes materiais, a iniciativa criou um acervo digital, público e gratuito. O site e o acervo digital estão previstos para serem lançados no segundo semestre deste ano. No momento, a equipe está no processo de higienizar, catalogar e digitalizar os materiais recebidos.

Esse trabalho se tornou possível através de uma campanha de financiamento coletivo, intitulada “Firmando as raízes do Arquivo Lésbico Brasiliro”. Lançada em junho de 2020, a campanha arrecadou a meta de R$ 10.700 em 30 dias de campanha. O valor possibilitou a aquisição de equipamentos, móveis e materiais para tratamento do acervo – como máquinas de digitalização e materiais de higienização.

O Arquivo começou a ser gestado no segundo semestre de 2020, através da troca entre pesquisadoras e ativistas de vários lugares do Brasil, que pesquisavam temas relacionados a lesbianidades, e trocavam materiais em um grupo de mensagens. “A gente foi também percebendo o quanto era difícil encontrar materiais. Não exatamente porque eles não existem, mas porque não está nítido onde eles estão, como acessar”, comenta Julia.

A partir da constatação dessa dificuldade, algumas mulheres se reuniram, no que se tornou a Comissão de Fundação do ALB. Era necessário pensar como tornar mais fácil o acesso a esses materiais, além de garantir proteção física e legal para eles.

“Às vezes está nas mãos só de uma pessoa, ela não tem como fazer o cuidado exato que aquele material precisa, então estraga. Ou, coletivos se desfazem, aí ninguém consegue ficar com os materiais. Isso acaba se perdendo”, afirma Julia.

A primeira coleção lançada no site será a Imprensa Lésbica, composta por revistas, jornais e zines produzidos por grupos lésbicos entre os anos 80 e 2000. O trabalho de alimentação do acervo será continuo, incluindo materiais de diversos formatos: livros de literatura lésbica, livros escritos por lésbicas, fotos, panfletos, atas de reuniões, estudos médicos sobre lesbienidade.

Revista Femme integra a Coleção Imprensa Lésbica/Foto: Arquivo Lésbico Brasileiro

O apoio externo tem sido um fator determinante para a estruturação do Arquivo. Julia comenta que a organização recebe doações de materiais de todo o país. As doações de artistas e instituições também foram fundamentais para o sucesso da campanha de financiamento coletivo, que ofereceu recompensas diversificadas, como minicursos, livros e pôsteres autografados, zines, adesivos, ilustrações – a maior parte das recompensas foi produzida e doada por mulheres lésbicas. Participaram da campanha artistas como Natalia Borges Polesso, Thalita Coelho, Sofia Wirthmann, J. Lo Borges, Gabriela Soutello e o poeta Formigão.

Com as colaborações, a campanha atingiu 105% da meta, antes do prazo de 45 dias. “A gente tava com medo de não alcançar a meta, mas na expectativa de dar tudo certo. E foi muito surpreendente, porque na primeira semana a gente conseguiu 30% da meta”, afirma Julia.

Logo do Arquivo Lésbico Brasileiro. Foto: Arquivo Lésbico Brasileiro

A equipe ALB

Hoje, cerca de 20 pessoas constroem o Arquivo Lésbico Brasileiro. São brasileiras de diversos lugares – São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Mato Grosso, Pernambuco, Santa Catarina – e com formações variadas –  historiadoras, arquivistas, jornalistas, professoras, designers e bibliotecárias. A diretoria é composta por três mulheres: Julia Kumpera, diretora financeira; Larissa Martins, diretora administrativa; e Paula Silveira-Barbosa, diretora geral.

Muitas pessoas já ingressaram na organização durante o isolamento social. Por isso, no futuro, a equipe deseja se reunir pessoalmente, para que todas possam se conhecer. “A gente não teve esse momento de encontro presencial,  olho no olho. Então se a situação permitir, seria algo que a gente gostaria muito. A gente vai ver como fazer isso possível”, comenta Julia.

Julia destaca a organização interna do projeto, que prioriza as decisões coletivas e horizontais.

“A gente toma decisões de forma coletiva, a gente pensa juntas. Desde a nossa linguagem, ao curso que a gente vai oferecer, a própria campanha de financiamento. Tudo é feito em várias mãos, e isso é muito bacana. Não é uma instituição de cima pra baixo”.

Serviço

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