“Zona livre de LGBT” na Polónia

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O jornal Gazeta Polska, fiel à ideologia do partido à frente do atual governo polaco, distribuiu esta quarta-feira autocolantes com uma cruz preta sobre a bandeira LGBT.

Uma publicação conservadora polaca distribuiu autocolantes “zona livre de LGBT” com a sua edição semanal esta quarta-feira, no seguimento de crescentes tensões entre ativistas LGBT e um movimento cristão conservador apoiado pelo partido nacionalista conservador à frente do governo, Lei e Justiça (Prawo i Sprawiedliwość, PiS).

O jornal Gazeta Polska, que tem um público de cerca de 110 000 pessoas, anunciou na passada terça-feira (17) que iria incluir os autocolantes – que mostram uma cruz preta sobre a bandeira LGBT com as palavras “Strefa Wolna Od LGBT(zona livre de LGBT) – na sua próxima edição e partilhou uma imagem prévia destes na conta de Twitter do jornal.

Alguns políticos e ativistas expressaram a sua preocupação em relação aos autocolantes, que promovem o ódio e a intolerância e podem incitar a violência contra a comunidade LGBT no país.

“Estou desapontado e preocupado que alguns grupos usem autocolantes para promover o ódio e a intolerância” escreveu a Embaixadora dos Estados Unidos na Polónia, Georgette Mosbacher, no Twitter. “Respeitamos a liberdade de expressão, mas devemos ficar juntos do lado de valores como a diversidade e a tolerância.”

Pawel Rabiej, o Vice-Presidente de Varsóvia, revelou que vai apresentar uma queixa acerca dos autocolantes à procuradoria. “Os fascistas alemães criaram uma zona livre de Judeus”, publicou no Twitter. “Como podem ver, esta tradição tem seguidores dignos, desta vez na Polónia”, acrescentando que o movimento está a acontecer “sob a alçada” do partido governador e dos bispos católicos.

Cecylia Jakubczak, da organização Kampania Przeciw Homofobii (KPH) (Campanha Contra a Homofobia), disse que os autocolantes vão afetar a comunidade polaca LGBT “tanto fisicamente como psicologicamente”. A ativista explicou à ABC que “a mensagem que passa é basicamente: não há espaço para a comunidade LGBT na Polónia”.

O editor do jornal polaco, Tomasz Sakiewicz, disse que a campanha não foi direcionada contra qualquer indivíduo especificamente, mas contra aqueles que tentam censurar visões críticas da “ideologia LGBT”.

“Queríamos provar que a censura neste caso existe e provámos”, disse o editor à Reuters, referindo-se ao criticismo levantado em relação aos autocolantes. “O que está a acontecer é a melhor evidência de que a ideologia LGBT é totalitária”.

Na sexta-feira, Piotr Muller, um porta-voz do partido Lei e Justiça, reagiu à intervenção da Embaixadora dos Estados Unidos, acusando a sua afirmação de ser “desnecessária” – “Parece-me que este não é um assunto relacionado com as relações entre a América e a Polónia”, reportou a agência de notícias AFP.

Parada LGBT em Varsóvia, Maio.© Kacper Pempel / Reuters

O governo nacionalista liderado pelo PiS, que tem vindo a ser acusado de fomentar sentimentos contra a comunidade LGBT nos últimos meses, disse que a Gazeta Polska deveria ser livre de publicar sob as leis de liberdade de expressão da Polónia.

“Enquanto partido governador, não vamos impor aos meios de comunicação o que deve publicar e que autocolantes deve distribuir”, disse o vice Primeiro Ministro, Jacek Sasin, à estação de televisão TVN na segunda-feira (22).

A Gazeta Polska é um jornal fiel à ideologia do partido e é efetivamente mais promovida pelas empresas estatais do que o resto do setor privado da comunicação social.

A medida surge numa altura em que os PiS tornou os direitos LGBT uma questão central da campanha, que opõe o partido contra forças liberais do país. As marchas LGBT tornaram-se um ponto de pressão na Polónia, com muitos políticos do partido PiS a defender que estes encorajam desnecessariamente a exibição pública da sexualidade.

“Estes tipos de marchas, iniciadas por grupos que estão a tentar forçar os seus comportamentos sexuais não-convencionais, despertam a resistência… Vale a pena considerar se tais eventos devem ser organizados no futuro”, disse Dariusz Piontkowski, Ministro da Educação, à emissora privada TVN no domingo.

A polícia já deteve mais de 30 pessoas em Bialystok, no leste da Polónia, que atacaram alguns dos participantes de uma marcha LGBT no sábado (20).

O Primeiro-Ministro Mateusz Morawiecki e autoridades de direitos humanos condenaram a violência.

De acordo com a organização Rainbow Europe, ligada à Associação Internacional LGBT, a Polónia, onde o casamento gay ainda é ilegal e os casais homossexuais não são reconhecidos legalmente, é o penúltimo país no ranking, entre os 28 da União Europeia, quando se trata de igualdade e não-discriminação.

Dn.pt


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