A inclusão de pessoas LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros) no mercado de trabalho ganhou reforço no Brasil conforme o respeito à diversidade entrou no debate público do país.
Para reafirmar a luta contra a intolerância de gênero, 32 empresas e organizações não governamentais se uniram e assinaram este ano a “Carta de Apoio à Diversidade, ao Respeito e à Inclusão de Pessoas LGBT+ nos Locais de Trabalho no Brasil”.
Juntas, essas companhias e entidades — que empregam mais de 100 mil pessoas no país — promovem ações de conscientização entre os funcionários e processos de seleção voltados para públicos que sofrem discriminação, como pessoas trans.
A Dow faz parte da campanha. A multinacional da área química está levantando pela primeira vez quantos funcionários se autodeclaram LGBT no Brasil, e afirma já trabalhar em casos concretos de forma coletiva. O CEO global da empresa, Jim Fitterling, inclusive, afirma publicamente que é gay.
Entre as ações implementadas estão treinamentos sobre preconceito inconsciente, cursos para liderança e extensão de benefícios ao cônjuge do mesmo sexo.
“Uma colaboradora trans realizou a cirurgia para mudança de sexo este ano e fizemos um treinamento com a empresa toda para que ela fossse bem recebida na volta, com sua nova identidade”, conta Patrícia Lima, líder de inclusão para a América Latina da Dow.
Na IBM, multinacional de tecnologia que também assinou a carta, são realizados processos de mentoria reversa, em que funcionários homossexuais apresentam aos líderes como funciona o cotidiano deles e de que forma a empresa pode ajudá-los.
A troca de papéis tem dado certo. Em dezembro de 2017, a empresa passou a oferecer um plano de medicamentos que inclui tratamento com hormônios para pessoas que passam por transformação de sexo. O desconto ao funcionário chega a 75%.
Incentivo “para sair do armário”
Além disso, casais homossexuais que adotam uma criança têm direito a licença maternidade de quatro meses, com extensão de 60 dias. “Acreditamos que a pessoa é produtiva no trabalho apenas quando consegue ser 100% ela mesma. Por isso, damos todo o incentivo necessário para que a pessoa saia do armário”, afirma Adriana da Costa Ferreira, líder de Diversidade e Inclusão da IBM para a América Latina.
Reuniões semanais sobre diversidade fazem parte da rotina dos funcionários da rede social de negócios LinkedIn. Diversos grupos discutem como promover o respeito entre LGBTs, negros, mulheres e pessoas com deficiência, no ambiente de trabalho. Após o debate, as principais conclusões da discussão são enviadas aos funcionários por e-mail, como um estímulo à reflexão.
“Quando o colaborador usa máscaras, gasta energia se escondendo e perde produtividade”, diz Alexandre Ullmann, diretor de recursos humanos da rede social.
A discriminação é barrada na porta de entrada do banco Citi. Assim que um funcionário é contratado, é obrigado a assinar um código de conduta em que se compromete, entre outras coisas, a não ter preconceito com os demais colegas.
“O respeito é uma construção de longo prazo. Como a gente fala muito sobre diversidade na empresa, nosso colaborador está habituado com isso no dia a dia”, diz Felipe Cotta, superintendente executivo de RH do Citi Brasil.
Canal aberto
Com cerca de dois mil funcionários no país, o banco estima que 3% dos colaboradores são homossexuais. Além de participar da Parada Gay, a empresa tem um canal de reclamações para quem é alvo de discriminação e realiza seminários periódicos sobre diversidade.
Integrante das empresas signatárias de apoio aos LGBTs, a Uber Brasil está distribuindo 100 mil cartilhas com informações sobre ética e respeito a motoristas parceiros e patrocina 16 eventos deste público em todo país.
Além disso, a empresa afirma que aceita o nome social de condutores transgêneros e possui um programa de inclusão, em parceria com locadoras de carro, para oferecer descontos a motoristas trans que queiram digirir na plataforma.
https://epocanegocios.globo.com/Empresa/noticia/2018/10/empresas-dizem-sim-contratacao-de-funcionarios-lgbt-no-brasil.html