Grupo faz vaquinha virtual para doar cestas básicas a travestis e transexuais

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Pandemia fez que muitas das travestis e transexuais que são trabalhadoras do sexo perdessem sua principal fonte de renda.

Por Alex Bessas

Vivenciar situações de vulnerabilidade é parte da rotina das travestis e mulheres transexuais trabalhadoras do sexo. Se antes, para garantir sua principal fonte de renda, se expunham à toda sorte, nas ruas, agora, elas temem que a fome esteja à porta. Ocorre que, com as medidas de isolamento social, principal linha para a contenção da pandemia do novo coronavírus, estas pessoas tiveram sua principal fonte de renda ameaçada.

Uma situação que vem mobilizando a sociedade, grupos solidários têm se empenhado em comprar e distribuir cestas básicas para casas onde vivem ou são acolhidas algumas dessas mulheres.

A Rede Proteger, Ouvir e Cuidar (Poc) e o Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT da Universidade Federal de Minas Gerais (Nuh-UFMG), por exemplo, se juntaram para oferecer, pelo menos, condições mínimas de sobrevivência a essas pessoas.

Em um primeiro momento, quando se começou a falar sobre a chegada da Covid 19 ao país, a Rede Poc usou recursos próprios para a compra de 19 cestas, que atenderam a 30 dessas pessoas, como explica a fotógrafa Adriana Galuppo.

“Elas foram se organizando, dando os nomes e os endereços, para que a gente enviasse”, comenta. Diante de uma demanda crescente pelo auxílio, os grupos decidiram abrir uma vaquinha virtual – o que foi feito no último sábado (28).

O objetivo é arrecadar R$ 6.500, dinheiro suficiente para que mais 50 cestas sejam distribuídas, atendendo a cerca de 70 travestis e transexuais trabalhadoras do sexo da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Em dois dias, atingiram a marca de quase 60% do valor almejado.

“Estamos otimistas de que vamos alcançar a meta”, observa Adriana, lembrando, no entanto, que é preciso fazer isso rapidamente. Afinal, “quem tem fome, tem pressa”. Ela também expõe que as cestas são distribuídas por um motorista e que todas as medidas sanitárias, como a higienização dos itens, são adotadas.

Comunidade travesti e trans se organiza para enfrentar pandemia

“É muito difícil ser travesti, ser transexual, não ter a família perto, não ter nada. E, agora, ainda vem uma coisa dessas e tira delas o ganha pão, porque a prostituição é meio de sobreviver de muitas dessas meninas – este é o lugar em que, normalmente, colocam a travesti e a pessoa trans”, lamenta Anyky Lima, 64, que integra a diretoria do Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual em Minas Gerais (Cellos-MG) e é representante estadual da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).

Para viver o recomendável isolamento social de maneira menos solitária, a própria comunidade buscou se organizar em grupos virtuais. “A gente tem medo que essas meninas fiquem angustiadas e assustadas e que façam alguma besteira”, argumenta Anyky. No Facebook, “criamos um espaço para ter uma palavra de conforto, para que a gente interaja com elas e também para monitorar o que está acontecendo”, completa.

A representante da Antra, junto das ativistas Lorena, Gisella e Sheila, é uma das responsáveis por catalogar e indicar mulheres que dependem das cestas básicas disponibilizadas pela Rede Poc e pelo Nuh-UFMG.

“A gente está pedindo às meninas que fiquem em casa, que não saiam à rua para não serem contaminadas, mas, para que fiquem, precisam ter o que comer”, argui. De acordo com ela, ações nesse mesmo sentido estão acontecendo em todos os Estados brasileiros.

“O que estamos pedindo é uma ajuda para seres humanos, que não tem um trabalho formal, não têm fonte de renda e que estão na prostituição”, reforça. “É o mínimo que podemos fazer por outras pessoas, porque a fome não espera”, conclui.

Para colaborar com a vaquinha virtual, basta clicar neste link.

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