Conheça o movimento de mães de filhos LGBT+ que lutam por respeito e contra o preconceito

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No mês em que se celebra o Orgulho LGBT+, conheça o Mães Pela Diversidade, que reúne mulheres pelo Rio Grande do Sul para lutar por direitos para seus filhos.

Nathália Carapeços

A primeira vez que o Mães pela Diversidade abriu a Parada Livre de Porto Alegre foi em 2015. Eram apenas três mulheres, que enchiam os pulmões para gritar por seus filhos: “Tire seu preconceito do caminho, porque vamos passar com nosso amor”. O ano também marcou o nascimento do grupo no Estado, inspirado no mesmo movimento que vinha fazendo barulho no centro do país.

Uma daquelas mães era Renata dos Anjos, que segue à frente da vertente gaúcha da organização até hoje. Com orgulho, ela contabiliza, neste final de semana em que é comemorado o Dia do Orgulho LGBT+, o crescimento do projeto cinco anos depois. São mais de 150 mulheres participantes por todo o Rio Grande do Sul:

– Costumo dizer que somos uma enorme rede de afeto. Estamos dispostas a mudar a sociedade e avançamos, mas temos muito trabalho ainda. Somos ambiciosas.

O grupo reúne mães com filhos LGBT+ e opera como apoio e conexão para aproximar quem tem histórias semelhantes e acolhe famílias que precisam de suporte emocional. No caso de Renata, a sexualidade da filha nunca foi tabu dentro de casa. Aos 14 anos, Flora, hoje com 25, contou que estava apaixonada por uma menina. E nada mudou entre elas. Mas a geógrafa se deu conta de que esse tipo de relação estava longe de ser regra – e o choque veio quando viu amigas da filha serem expulsas de casa por se assumirem lésbicas.

Renata sentiu-se impelida a fazer algo para ajudar as famílias. Em uma busca na internet, deparou com o movimento Mães pela Diversidade de São Paulo. Estreitou laços com as paulistas e, na sequência, foi desafiada a trazer a iniciativa para o Rio Grande do Sul.

– Para a sociedade, a culpa sempre é da mãe. Há mulheres que chegam para nós sangrando, com filhos sofrendo, a família destruída. O marido costuma fazer muita pressão, não aceita. Por isso, há muitas separações de casais. Seguimos a linha de que a informação vai quebrar o preconceito, inclusive, usando termos corretos. É orientação sexual, não opção. Não é uma opção deles – explica Renata.

Costumo dizer que somos uma enorme rede de afeto. Estamos dispostas a mudar a sociedade e avançamos, mas temos muito trabalho ainda. Somos ambiciosas.

RENATA DOS ANJOS

Coordenadora do Mães pela Diversidade no Rio Grande do Sul

Pelo menos uma vez por mês, o grupo promove encontros presenciais – devido à pandemia, toda a programação está online. Elas também se mantêm conectadas diariamente via grupos no WhatsApp e no Facebook.

Como uma grande família, compartilham anseios e medos, principalmente com a segurança de seus filhos. Com razão: o Brasil registra uma morte por LGBTfobia a cada 26 horas, segundo dados do Grupo Gay da Bahia, uma das maiores entidades pelos direitos LGBT+ do país. E há também a violência que não está nas estatísticas: as piadas, o preconceito dentro e fora de casa e o bullying.

Por isso, a rede conta também com os serviços de psicólogos que atendem a baixo custo e estão disponíveis para emergências.

– Todo mundo chama de viadinho, disso, daquilo, e ninguém pensa que afeta a vida da criança e da família. Depois que a Flora me contou que gostava de uma menina, eu chorei no banheiro não porque ela era lésbica, mas porque a vida dela seria mais difícil. Sabia que ela sofreria mais, e eu precisava estar preparada para acolher – diz Renata.

Jefferson Botega / Agencia RBS
Renata conta que chorou no banheiro após a filha contar ser lésbica não por ela ser homossexual, mas porque sabia que Flora teria que enfrentar mais dificuldades, como quebrar tabus e combater o preconceito Jefferson Botega / Agencia RBS

O amor dessas mães se transforma em ação. Elas trabalham para ocupar espaços e impactar diferentes públicos. Fazem palestras em universidades, escolas, empresas, para profissionais de saúde e pressionam o poder público pela igualdade de direitos. Um dos maiores desafios, avalia Renata, é transformar o sistema de ensino para acolher crianças e adolescentes LGBT+:

– Escola é um lugar opressor para as minorias de uma forma geral. Estamos abrindo linhas de frente para a informação chegar a pedagogas, psicólogas e professores desde a formação. Diversidade é inclusão, não é favor.

A seguir, conheça a história de duas mulheres que encontraram no Mães pela Diversidade o apoio para abraçar seus filhos com ainda mais afeto e recobrar as energias para seguir lutando por eles.

Jefferson Botega / Agencia RBS
Daniel e Cristina MonçãoJefferson Botega / Agencia RBS

GauchaZH


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