Um em cada três russos rejeitaria um amigo gay

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Dados são de pesquisa do Levada Center. Apesar dos resultados, números mostram sinais de melhora em relação ao preconceito nos últimos anos.

Uma pesquisa feita na Rússia apontou um quadro persistente de homofobia no país. O estudo elaborado pelo Levada Center, publicado na quinta-feira, indicou que mais da metade da população russa tem uma opinião negativa sobre a população LGBT+. Quase um terço dos entrevistados respondeu que rejeitaria um amigo se descobrisse que era homossexual, enquanto apenas três por cento sugeriram que tinham uma opinião favorável.

Em uma nota positiva, no entanto, a pesquisa mostrou que quase metade (47%) acredita que as pessoas LGBT+ devem ser tratadas igualmente perante à lei. Este foi o maior número desde 2005 (51%), quando as pesquisas começaram. Segundo os autores do estudo, isso é uma evidência de que o poder da campanha anti-gay do estado está começando a se desgastar.

“Há algumas dinâmicas positivas no monitoramento”, diz Denis Volkov, vice-diretor do Levada Center. Ele diz ao jornal Independent que a mudança se deve a duas coisas: “Um, a campanha anti-gay do Kremlin parece ter diminuído. Dois, provocou uma onda de desavenças em desafio, e isso parece ter afetado os números”.

Volkov disse que foi notável que a aceitação foi maior entre aqueles que disseram conhecer alguém que era homossexual: “Eles entendem que as pessoas LGBT + são como todos os outros”. Ativistas dizem que a nova pesquisa Levada está alinhada com seus próprios dados. Igor Kochetkov, chefe da rede russa LGBT +, disse que a homofobia na Rússia “atingiu o auge” e que uma agressiva campanha do Kremlin “fracassou”.

“É claro que a sociedade russa continua extremamente homofóbica, mas é menor do que no começo da década”, diz ele. “A boa notícia é que isso não está piorando.” Enquanto a homossexualidade foi descriminalizada após a queda da União Soviética em 1991, a vida na Rússia nunca foi fácil para as minorias sexuais – especialmente longe de cidades mais progressistas como Moscou e São Petersburgo. Mas, nos últimos anos, as coisas tomaram um rumo dramático.

A situação ficou especialmente tensa na época em que o Kremlin adotou sua lei de propaganda anti-gay em 2013, sob o pretexto de proteger as crianças. Em maio daquele ano, um homem homossexual de 23 anos foi assassinado na cidade russa de Volgogrado. Ele foi encontrado nu, seu crânio esmagado, estuprado com uma garrafa de cerveja. Seis meses depois, um atirador desconhecido abriu fogo do lado de fora do clube gay mais famoso de Moscou.

Então, em uma série de ataques que começaram na primavera de 2017, pelo menos cinco homens foram mortos e centenas torturados no que parecia ser um expurgo homossexual na Chechênia, no norte do Cáucaso. O testemunho dos sobreviventes liga o expurgo a órgãos locais de aplicação da lei e a homens com ligações estreitas com o presidente da república, Ramzan Kadyrov. Kadyrov respondeu às alegações declarando que “não havia gays” na Chechênia.

Kotchekov, cuja Rede LGBT+ tem estado na vanguarda dos esforços para retirar as pessoas em risco do norte do Cáucaso, diz que a purgação e a falta de investigação demonstraram uma “podridão homofóbica” no coração do Estado. Mas ele disse que a geração mais jovem da Rússia lhe deu esperança.

Em uma pesquisa de 2018, metade dos russos entre 18 e 28 anos negou a existência de propaganda homossexual. “Este é o mesmo grupo etário que era menor no momento da adoção da lei”, diz Kochetkov. “A lei foi elaborada para protegê-los e, no entanto, eles rejeitam sua própria premissa”.

 

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