Troye Sivan, cantor e ator que saiu do armário aos 18, dá dica a jovens gays: ‘Proteja-se e busque apoio’

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Antes de cantar no Lollapalooza, ele fala ao G1 sobre sucesso do disco ‘Bloom’, explica ‘impacto’ de fazer filme ‘Boy erased’, sobre cura gay, e diz que gostaria de sair com Sam Smith em SP.

Por Rodrigo Ortega, G1

O Lollapalooza já rolava nos EUA havia quatro anos quando nasceu Troye Sivan Mellet, em Joanesburgo, África do Sul, em 5 de junho de 1995. Ele é novinho, mas aos 23 anos já tem bagagem invejável de artista pop antenado, do tipo que o festival ama.

Antes de cantar Lollapalooza SP, no dia 5 de abril, Troye Sivan…

  • Se mudou com a família para a Austrália aos dois anos;
  • Virou cantor mirim, cantou na TV aos 11 e fez um EP aos 12;
  • Começou a atuar e, aos 14, fez a versão criança de Wolverine no filme “X-Men Origens”;
  • Também era youtuber. Aos 18, revelou ser gay em vídeo no site;
  • Aos 20, lançou o álbum “Blue neighborhood” e despontou no pop alternativo;
  • O maior estouro veio com “Bloom”, em várias listas de melhores discos de 2018;
  • Também em 2018 atuou em “Boy erased”, uma crítica aos tratamentos de “cura gay”.

Troye Sivan interpretou a versão infantil de Wolverine em 'X-Man Origens' — Foto: Divulgação Troye Sivan interpretou a versão infantil de Wolverine em 'X-Man Origens' — Foto: Divulgação

Troye Sivan interpretou a versão infantil de Wolverine em ‘X-Man Origens’ — Foto: Divulgação

Pelo currículo e pela entrevista por telefone, dá para perceber que ele leva a carreira a sério. Fala empolgado sobre sua vontade de fazer música pop que seja “esperta e respeite o público” Explica a produção de seus vocais como se fosse uma receita culinária perfeita.

Também fala como um cara comum: diz que é fã de Sam Smith, que canta no mesmo dia que ele, e diz que o cantor inglês seria seu parceiro ideal em uma balada em SP.

Em 2015, Troye foi ao Lollapalooza como fã em Chicago, viu Marina and the Diamonds, The Weeknd, mas perdeu outros shows por causa de uma grande tempestade. Mais assustador que isso foi sair dos padrões de um ídolo masculino, ele conta.

Por isso, ao aconselhar jovens gays que, como ele antes dos 18 anos, ainda não se assumiram publicamente, ele reflete sobre sua experiência: “Mantenha-se protegido, coloque-se em primeiro lugar, e busque pessoas que vão te apoiar. Saiba que essa comunidade existe.”

G1 – Conversei com você logo antes de lançar seu segundo disco, e agora ele te levou a um novo nível na sua carreira. O que mudou na sua vida?

Troye Sivan – Mudou tanto… A grande coisa para mim foi ver gente dizendo que as músicas passaram a fazer parte de suas vidas. Levei esse disco para os EUA, Europa e agora América do Sul. Agora que estou um pouco mais tranquilo e consigo ver como foi divertido, a melhor coisa da minha vida.

G1 – A crítica elogiou também. É um som pop, bem acessível, mas também visto como alternativo. Acha que as pessoas estão mais abertas ao pop hoje?

Troye Sivan – Sempre houve esse espaço no pop. Todo grande hit algo que se conecta com as pessoas. O negócio é achar esse ponto mágico de um jeito que respeite o público, que seja esperto. Fazer mais que uma música pop medíocre que alguém escreveu para você. Se você colocar um pouco de coração e alma, isso vai atrair as pessoas – é isso que elas amam.

Ariana Grande e Troye Sivan, parceiros na faixa 'Dance to this' — Foto: Reprodução/Instagram

Ariana Grande e Troye Sivan, parceiros na faixa ‘Dance to this’ — Foto: Reprodução/Instagram

G1 – Acho que seus vocais têm mesmo ‘coração’. Você tem algum processo no estúdio para gravar a voz em suas músicas?

Troye Sivan – Adoro produção vocal. Mas eu tento gravar uma música logo que eu escrevo, porque todos os sentimentos estão frescos, ainda não virou uma coisa que eu decorei. Isso ajuda. Depois disso, vou gravando outras camadas e tentando me certificar de que cada uma tem o que eu preciso. Um vocal agudo que dá um “respiro” para o refrão, ou uma camada mais grave, que dá um peso. É como cozinhar: ir colocando ingredientes até você sentir que está gostoso.

G1 – O que você conhece do Lollapalooza?

Troye Sivan – Eu fui ao Lolla em Chicago [em 2015], como público mesmo! Foi muito divertido. Foi meu primeiro festival na vida. Foi doido, porque tinha uma grande tempestade de vento, então um dos dias foi cancelado. Mas eu vi Børns, Marina and the Diamonds, Broods, The Weeknd…

G1 – Em SP você toca no dia de St. Vincent, The 1975, Sam Smith e Arctic Monkeys. É comum nesses festivais os artistas verem aos shows uns dos outros e também saírem para lugares turísticos e baladas. Destes nomes, quem seria seu parceiro ideal de balada no Brasil?

Troye Sivan – Estou muito animado para ver Sam Smith. Eu amo ele há alguns anos. E seria muito legal sair pela cidade com ele. E também sou muito fã do Matty do 1975. Seria legal sair por aí.

G1 – E com o sucesso de ‘Bloom’ você vai se dedicar mais à música que ao cinema?

Troye Sivan – Não, quero dividir meu tempo. Uma coisa ajuda a outra. Depois de viajar muito é bom fazer um filme e ficar em um lugar só. São esquemas muito diferentes, então depois de uma turnê eu preciso de um trabalho de atuação. Estou com muita vontade de saber qual será meu próximo projeto como ator nesse ano. Não sei ainda, mas vou achar.

G1 – Você é muito citado na imprensa como um cantor que leva outra sensibilidade, uma ‘masculinidade não tóxica’ ao pop. Você vê em si mesmo essa diferença para popstars do passado?

Troye Sivan – O que fiz foi tirar de mim mesmo a pressão de me encaixar em qualquer padrão de comportamento e de imagem. Gosto dessa liberdade. Foi uma grande jornada pessoal a tentativa de me forçar a fazer o que eu queria de verdade. Ouvir e seguir meu coração, meu corpo. Mesmo que tenha sido assustador. As pessoas responderam muito bem, o que hoje me dá coragem.

Troye Sivan — Foto: Divulgação / Heidi Simane Troye Sivan — Foto: Divulgação / Heidi Simane

Troye Sivan — Foto: Divulgação / Heidi Simane

G1 – O que você aprendeu fazendo o filme ‘Boy erased’ (filme sobre um adolescente que passa por tratamento de ‘cura gay’, em que ele atuou com Lucas Hedges e Nicole Kidman)?

Troye Sivan – Foi muito impactante. Aprendi muito, acima de tudo sobre paciência. Minha coisa favorita no filme é que ele não demoniza ninguém, porque mostra uma experiência familiar muito difícil. Entendi que é melhor ter paciência, buscar um jeito mais efetivo de se comunicar, do que ficar bravo e gritar com o outro.

G1 – A gente não viu aqui no Brasil porque o filme foi cancelado, e os fãs ficaram desapontados.

Troye Sivan – Que pena, acho que vocês vão ter que arrumar um link para streaming…

G1 – O Brasil é um país em que há muita violência contra pessoas LGBT. Você, que saiu do armário no YouTube aos 18 anos, daria qual conselho para um jovem brasileiro que sabe que é gay, mas teme as consequências de se expor em um lugar onde há muita homofobia?

Troye Sivan – Eu diria que esse temor é totalmente compreensível, e até prudente. Mas você também não pode se esquecer de que existem pessoas por todo mundo vão te aceitar como você é. Mantenha-se protegido, coloque-se em primeiro lugar, e busque pessoas que vão te apoiar, na internet ou onde quer que seja. Saiba que essa comunidade existe.

Troye Sivan também faz show solo no Lolla Party do dia 3 de abril, no Cine Joia, em SP.

  • Local: Cine Joia – Praça Carlos Gomes, 82 – Liberdade, São Paulo – SP
  • Data: Quarta-feira, 3 de abril de 2019
  • Horário: 22h
  • Capacidade: 1,4 mil pessoas
  • Classificação etária: 16 anos permitida a entrada desacompanhada. Abaixo de 16 anos, entrada proibida.
  • Abertura da casa: 20h
  • INGRESSOS ESGOTADOS
  • Fonte G1

 


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