Suásticas e bandeiras do orgulho gay incendiadas: crimes de ódio aumentam em Nova York

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Desde o início do ano, foram registrados 184 incidentes ligados a antissemitismo e homofobia, um aumento de 64% em relação ao mesmo período do ano passado

NOVA YORK – Em Staten Island , a expressão “Sinagoga de Satã” foi pichada em uma parede do lado de fora de uma escola judaica. No Brooklyn , uma mensagem pró-Hitler foi rabiscada em um cartaz na parte externa de um museu infantil judaico cuja missão é combater o antissemitismo . Em Manhattan , duas bandeiras do orgulho gay com arco-íris foram incendiadas fora de um bar.

Os incidentes, todos ocorridos na semana retrasada, foram os últimos em um aumento contínuo nos crimes de ódio relatados em Nova York .

Mesmo que o ato criminoso tenha fracassado em geral, o aumento acentuado de incidentes de preconceito e vandalismo perturba uma cidade conhecida por sua marca multicultural e de tolerância. Mas no país inteiro vem amentando as tensões raciais e a violência, incluindo tiroteios em sinagogas em San Diego, em abril, e em Pittsburgh, no ano passado.

As autoridades policiais disseram na terça-feira que a maioria dos recentes crimes de ódio em Nova York.

tem sido atos de vandalismo, em vez de agressões violentas a pessoas.

Antifascistas carregam faixa em que se lê
Antifascistas carregam faixa em que se lê “Contra a supremacia branca” Foto: JOSHUA ROBERTS / REUTERS

— Em geral, o que vemos em toda a cidade é, como se descreve, dano criminal, danos à propriedade ou pichações, que compõem a grande maioria dos incidentes, e nós tratamos as ocorrências tão a sério quanto se fosse um atentado físico, por causa da mensagem de ódio que elas enviam a todos os moradores da cidade — disse Dermot F. Shea, chefe dos detetives da cidade.

Até domingo, haviam sido registrados 184 crimes de ódio na cidade neste ano, um aumento de 64% em relação ao mesmo período de 2018, disseram os detetives. O crescimento está sendo impulsionado em grande parte por incidentes antissemitas, que subiram 90%.

Padrão diferente

Os incidentes em Nova York se encaixam em um padrão diferente do que foi visto ultimamente em âmbito nacional, em parte porque os grupos de extrema direita e supremacistas brancos têm menos influência na cidade, afirmou a polícia. De acordo com as autoridades, as 75 pessoas presas este ano até agora por cometer crimes de ódio vão de adolescentes e criminosos de carreira a doentes mentais, com uma variedade de motivações, algumas delas enraizada em disputas locais.

Outras grandes cidades também viram crimes de ódio crescerem. De acordo com uma análise do Centro para o Estudo do Ódio e Extremismo da Universidade Estadual da Califórnia, em 2018, Los Angeles registrou seus maiores índices de crimes de ódio em uma década; a capital, Washington, registrou 205 crimes de ódio, quase o dobro de dois anos antes, e Chicago viu os casos aumentarem 26% em 2018.

— Acho que o que estamos vendo, sem dúvida, é o desencadeamento das forças do ódio em todo o país — contou o prefeito Bill de Blasio em uma entrevista coletiva na terça-feira.

De Blasio disse que Nova York tem “uma realidade diferente em alguns aspectos”, mas o pano de fundo nacional “colocou todos no limite e criou muita divisão”.

Autoridades da cidade prometeram aumentar seus esforços para reverter a tendência, incluindo a abertura de um novo Escritório para a Prevenção de Crimes de Ódio dentro do gabinete do prefeito neste verão.

Criado por uma lei aprovada pela Câmara dos Vereadores em janeiro, o novo escritório será encarregado de coordenar as respostas aos crimes de ódio nas agências da cidade, desenvolvendo estratégias de prevenção e promovendo assistência para as vítimas.

O aumento dos crimes de ódio, afirmou De Blasio, é “uma realidade inaceitável, e vamos lutar contra com tudo o que temos”.

Incidentes étnicos

Houve 110 crimes antissemitas reportados até agora este ano, em comparação com 58 no mesmo período do ano passado. Em alguns dos enclaves judaicos ortodoxos de Nova York, agressões antissemitas, insultos e pichações de suásticas se tornaram tão comuns que as pessoas correm o risco de ficarem “entorpecidas”, alertaram líderes comunitários.

Grupos judaicos temem que um surto de sarampo em curso, centrado na comunidade ultra-ortodoxa, possa estar contribuindo para uma atmosfera de antissemitismo. Mas Evan Bernstein, diretor da Liga Antidifamação para Nova York e Nova Jersey, disse que, embora ele tenha ouvido de líderes comunitários sobre dezenas de incidentes de assédio antissemita envolvendo sarampo, muito poucos foram formalmente denunciados.

Crimes de ódio motivados por orientação sexual também subiram este ano, com 18 denúncias, contra 13 no mesmo período de 2018. Também houve aumentos em incidentes étnicos, contra brancos, negros, hispânicos e asiáticos. Já os incidentes anti-islâmicos decresceram 25%, com apenas seis relatados até agora. Prisões por crimes de ódio subiram 19%, segundo a polícia.

No Harlem, Alexi Minko disse que sempre se sentia bem-vindo como proprietário do Alibi Lounge, o único bar gay da área. Por isso, ficou chocado quando botaram fogo nas duas bandeiras com o símbolo do arco-íris penduradas na porta do estabelecimento na sexta-feira retrasada.

— Em um milhão de anos, nunca pensaria que algo assim poderia acontecer a nós — disse.

Mas em vez de recuar, ele disse que está procurando bandeiras novas e mais vistosas para pendurar.

— Não vão nos intimidar.

O Globo


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