Sarau promove a visibilidade trans

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Tess Marcondes/Divulgação

Iniciativa é do Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro

Desde pequena, Sophia dava sinais de que não se sentia à vontade no corpo de menino. Seu tom de voz agudo e seu jeito delicado eram motivos de sobra para ser repreendida pelos pais. Quando foi para escola, vivia isolada porque sempre era motivo de chacota na turma. Foi na adolescência que começou a perceber sua transexualidade de forma mais clara. Ao tentar arranjar um emprego, para poder deixar a casa dos pais e viver sua identidade de gênero com liberdade, o que ouviu foi uma série de ‘não’, ‘infelizmente’ e ‘sinto muito’. A única opção foi a rua, a madrugada, a prostituição – sujeita a todos os tipos de violência.

A transexual Sophia é uma personagem de ficção criada por Michael Kennedy, ator de Rio Preto que é conhecido por fazer performances como a drag queen Propnays. Mas os conflitos e problemas encarados por ela são bastante reais, configurando-se numa dura metáfora do preconceito e da intolerância que assola mulheres e homens trans no Brasil.

Para provocar o questionamento das pessoas – sobretudo para o silenciamento que colabora na perpetuação de uma cultura machista, misógina, racista, transfóbica, homofóbica e gordofóbica -, o Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro promove, nesta quinta-feira, 25, no Barteliê Gastrô, a segunda edição do TRANSarau. O evento, que marca em Rio Preto o Dia da Visibilidade de Travestis e Transexuais (29 de janeiro), reúne performances e instalações em que o transexual exerce seu protagonismo, seja apresentando ou contribuindo no desenvolvimento do trabalho.

É o caso da videoinstalação Não Recomendado, concebida pela atriz Fabiana Pezzotti e pelo diretor de audiovisual Vinicius Dall’Acqua. Em uma das paredes do Barteliê serão projetados vídeos com depoimentos de homens e mulheres trans (o público terá fones à disposição para ouví-los). “Há muitas coisas em comum nos depoimentos, principalmente no que se refere à relação familiar e ao mercado de trabalho. Desenvolver esse projeto foi uma experiência que me fez desconstruir muitos conceitos. É algo que precisa ser visto”, comenta.

Uma das integrantes do Coletivo Ana Montenegro, movimento nacional que existe há cinco anos, a psicóloga e professora Jéssica Oliveira destaca que não é necessário ser um movimento organizado para promover mudanças na sociedade, cada pessoa pode colaborar em suas atitudes cotidiana, principalmente denunciando o preconceito e a violência sofrida por transexuais e outras minorias.

“Somos o país que mais mata transexuais no mundo, e a origem desse problema é a mesma da violência sofrida pelas mulheres. O verdadeiro feminismo prega pelo fim da opressão a todas as pessoas”, destaca.

Presente na programação do TRANSarau, a atriz Juliana Carolina concebeu uma instalação que convida as pessoas a exercitar a alteridade. Desnude 2.0 recorre a recursos sensoriais para que o participante perceba o outro através de si. “A instalação busca estimular todos os sentidos para que a pessoa veja o outro para além do gênero. A proposta é ‘desgeneralizar’ o humano”, diz ela.

Serviço

2º TRANSarau. Hoje, às 20h30. Barteliê Gastrô (Rua Três Fronteiras, 2695 – Eldorado). Portaria: R$ 5

 

https://www.diariodaregiao.com.br/_conteudo/2018/01/cultura/teatro/1092965-sarau-promove-a-visibilidade-trans.html


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