Reino Unido prepara-se para banir “terapias de reconversão” de pessoas homossexuais

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Um inquérito realizado pelo governo britânico mostra que os níveis de discrimação de pessoas da comunidade LGBT ainda se encontra em níveis preocupantes. Cerca de 2% diz já ter passado por “terapias de reconversão sexual”, práticas devem em breve ser proibidas e punidas por lei.

O governo britânico tem planos para proibir a realização das chamadas “terapias de reconversão sexual”, utilizadas em pessoas homossexuais como forma de as “reconverter” à heterossexualidade. Esta medida faz parte de um esforço em várias frentes que está a ser feito peas autoridades britânicas na tentativa de atenuar a discriminação que ainda afecta os membros da comunidade LGBT.

Este investimento, na ordem dos 4,5 milhões de libras (cerca de 5 milhões de euros), acontece depois de terem sido conhecidos os resultados de um inquérito realizado pelo governo a pessoas da comunidade. O estudo mostra que 2% dos 108 mil inquiridos já foram submetidos a estas terapias, enquanto 5% garante que esse tratamento já lhes foi proposto.

Hoje em dia. a maioria destas terapias passa por “aconselhamento” psicológico, grupos de “ajuda” afectos a igrejas para onde os pais encaminham os filhos, mas não faltam histórias de pessoas que, nos anos 60, 70 e 80 do século passado, foram submetidas, por exemplo, a choques elétricos como “punição” pela atração sexual por pessoas do mesmo sexo.

Pouco antes de conhecida esta intenção do governo britânico, a televisão pública australiana (ABC) entrevistou algumas testemunhas que foram vítimas de tratamentos duros, muitos deles promovidos pela igreja. Ron Smith, agora com 71 anos, descreve com detalhes arrepiantes aquilo a que foi sujeito.

“Ligaram condutores de eletricidade aos meus órgãos sexuais e um outro aparelho media a temperatura do meu corpo. Durante dez dias mostraram-me milhares de fotografias de mulheres e de homens. Quando a minha temperatura subia ao ver fotografias de homens, o que é normal, eles ligavam a corrente”, contou à ABC.

Em novembro de 2017, o assunto voltou às notícias quando se soube que um padre de Liverpool tinha pedido a um seu fiel para jejuar durante 24 horas como forma de preparação para as suas preces nos dias que se seguiriam, com vista a livrá-lo dos “espíritos ruins”, ou seja, da sua atração por pessoas do mesmo sexo. Talvez esta história nunca se tivesse conhecido não fosse o “fiel” o jornalista Josh Parry, do Liverpool Echo. Na altura, a igreja (Ministério dos Milagres e da Montanha de Fogo, assim se chamava) negou que o padre estivesse a agir de acordo com as directrizes da congregação.

É conhecida a posição da larga maioria dos psiquiatras e psicólogos sobre estas terapias: são contra. Há estudos que provam que tentar “reconverter” alguém pode aumentar os pensamentos suicidas dessa pessoa em cerca de nove vezes, segundo um relatório da Associação Norte-Americana de Psicologia.

Ainda assim, um inquérito de 2009 conduzido junto de psicólogos no Reino Unido mostra que um em cada seis profissionais admitem ter discutido com os seus pacientes formas de mitigar ou mesmo anular os seus desejos sexuais. Uma outra pesquisa recente, que está também na base desta decisão do governo em agir para pôr fim a esta forma de “tratamento”, conduzida pelo grupo de defesa dos direitos LGBT Stonewall, mostra que 10% dos 3.000 profissionais de saúde entrevistados admitem já ter discutido com colegas que pensam que a homossexualidade “pode ser curada”, releva a revista New Statesman.

No inquérito realizado pelo governo ficam claras outras realidades. Mais de dois terços das pessoas disseram que evitam demonstrações de afeto em público por medo das reações dos outros. Cerca de 40% dos inquiridos referem já ter sido alvo de crimes de ódio, mas nove em cada dez não os denunciou. No local de trabalho, 23% das pessoas garantiram já ter sido alvo de reações negativas depois de conhecida, entre os colegas, a sua orientação sexual.

A primeira-ministra britânica, Theresa May, disse, no comunicado que acompanhou a apresentação do plano de ação, sentir-se “chocada” com alguns dos resultados. “Fui apanhada de surpresa pela quantidade de pessoas que disseram não poder viver a sua orientação sexual de forma aberta, evitando dar as mãos em público por medo de uma reação negativa. Ninguém deve esconder a sua natureza ou ter medo de demonstrar amor”, disse.

Porém, algumas pessoas garantem que os “sentimentos gay” podem, de facto, mudar. Mike Davidson, um porta-voz do grupo Core Issues, associado com a igreja cristã evangélica, disse à New Statesman que ele mesmo passou por sessões de ajuda para manter uma relação estável com a sua mulher e garante que é o público e não a sua associação que tem vistas curtas por não acreditar que os sentimentos, e por isso a inclinação sexual, podem mudar.

 

http://expresso.sapo.pt/internacional/2018-07-10-Reino-Unido-prepara-se-para-banir-terapias-de-reconversao-de-pessoas-homossexuais#gs.MLFL4RA


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