Protesto aconteceu durante posse do presidente Andrzej Duda, eleito ao defender que a “ideologia LGBT” é um perigo nacional.
Membros da oposição do parlamento polonês formaram um arco-íris com suas roupas nesta quinta-feira (6), para marcar posição durante cerimônia de posse do presidente eleito, Andrzej Duda, em Varsóvia. O ato também tinha a intenção de demonstrar solidariedade à comunidade LGBT no país europeu.
Andrzej Duda, que pertence ao partido de direita PiS (Lei e Justiça), foi eleito no final julho para um segundo mandato de cinco anos. Em sua campanha, ele tentou se mostrar como um “guardião” dos programas sociais do governo, mobilizando sua base conservadora e críticas ao movimento LGBT.
Nas últimas semanas de campanha, ele afirmou que a “ideologia LGBT” era mais perigosa do que a “doutrina comunista” e prometeu garantir que as escolas públicas sejam proibidas de discutir os direitos destas pessoas.
Nesta quinta, as parlamentares do partido “Esquerda”, usaram máscaras e roupas com as cores do arco-íris, que representam a bandeira do movimento LGBT. Elas sentaram em fileira e formaram imagem com as cores durante a cerimônia, realizada na câmara baixa do parlamento, chamada de “Sejm”.
Segundo a Reuters, uma das parlamentares, Anna Maria Zukowska, afirmou que “queria mostrar ao presidente que na constituição há garantia de igualdade para todos.”
“Não queremos uma situação semelhante durante o seu próximo mandato, como ocorreu durante sua campanha, quando o presidente desumanizou as pessoas LGBT negando-lhes o direito de serem pessoas”, disse.
Ainda segundo a agência de notícias, o PiS, partido do presidente, argumentou que os direitos LGBT fazem parte de uma “ideologia estrangeira invasiva que mina os valores poloneses e a família tradicional”.
Em seu discurso de juramento, Duda reiterou sua promessa de manter “a família como a pedra fundamental da sociedade, como nosso bem mais precioso”.
Recentemente, algumas cidades polonesas foram informadas de que perderiam o financiamento da União Europeia por incitarem a LGBTfobia. Desde o início de 2019, foram registrados mais de 80 casos na Polônia em que governos tanto regionais, ou locais, se declararam como “zonas livres de ideologia LGBT”.
Segundo a ILGA (Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Intersexuais), maior organização mundial em defesa dos direitos LGBT, o discurso de ódio por parte de líderes políticos e religiosos aumentou em 17 países da Europa, incluindo Portugal, Espanha e Finlândia, conhecidos por serem acolhedores a esta população. A violência homofóbica, como um todo, também cresceu na região, de acordo com o estudo.
O estudo destaca manifestações recentes. Entre elas, a do partido nacionalista que governa a Polônia e fez frente ao que considera ser uma “ideologia LGBT”, às declarações do presidente do Parlamento húngaro, que equiparou a adoção por casais gays à pedofilia e também colocações de políticos espanhóis e de finlandeses, que fizeram duras críticas às Paradas do Orgulho LGBT no país.