O jovem prefeito gay e ex-militar que quer derrotar Trump em 2020

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Pete Buttigieg tem tudo para conquistar o voto democrata. A questão é se conseguirá aparecer além das fronteiras do estado de Indiana, reduto republicano.

Por Gabriela Ruic

São Paulo – A palestra deveria ter acontecido em uma cervejaria na cidade de Manchester (New Hampshire, Estados Unidos). De última hora, contudo, foi preciso correr para garantir um espaço maior dada a altíssima procura por ingressos para ver Pete Buttigieg, o jovem prefeito da cidade South Bend (Indiana) falar sobre política.

O que aconteceu naquele 6 de abril é um retrato do hype que se formou em torno de Buttigieg nos últimos meses. Jovem, gay e veterano da Guerra do Afeganistão, “Mayor Pete” (seu apelido que significa “Prefeito Pete”), prometeu fazer um anúncio especial neste domingo, 14 de abril. A expectativa é a de que ele confirme o lançamento da sua campanha presidencial para as eleições americanas de 2020, se juntando a uma longa lista de 17 pré-candidatos do partido Democrata que buscam enfrentar Donald Trump nas urnas.

Os números parecem estar a seu favor. Em Iowa e New Hampshire, dois estados centrais na disputa pela nomeação do partido Democrata, Mayor Pete aparece em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto e está numa trajetória de crescimento, atrás apenas de Joe Biden, que foi vice-presidente de Barack Obama, e de Bernie Sanders, senador pelo estado de Vermont.

Não à toa, Pete Buttigieg vem sendo visto como uma das melhores armas que o partido Democrata poderá usar contra Trump nas próximas eleições. Embora seja relativamente desconhecido do grande público, Buttigieg é bem visto entre medalhões democratas e foi elogiado pelo ex-presidente Barack Obama. Em uma entrevista à revista New Yorker em 2016, Obama disse que o considerava como o futuro do partido.

A cientista política Melissa Michelson, professora da universidade Menlo College, na Califórnia, diz que Buttigieg faz parte de um segmento mais jovem e progressista entre os políticos democratas que vem ganhando força depois da eleição de Donald Trump em 2016.

Esses candidatos, explica ela, estão transformando o partido Democrata por causa do apoio a políticas alinhadas à esquerda, focadas em distribuição de renda e defesa das minorias.

“Pete Buttigieg é essa nova esquerda. É jovem e abertamente gay. Para muitos eleitores, o futuro do partido é diverso, jovem e ele personifica tudo isso”, diz Michelson, que é especialista em eleições dos Estados Unidos, com foco na pesquisa dos votos das minorias,

Renascimento de South Bend

Pete Buttigieg assumiu a prefeitura de South Bend — uma cidade de 100 mil habitantes a 150 quilômetros de Chicago — em 2011 e se tornou o mais jovem prefeito de um município desse porte nos Estados Unidos. Foi reeleito em 2015, com 80% dos votos.

Assim como outras cidades do meio-oeste dos Estados Unidos, South Bend tinha uma relação de dependência com a indústria automotiva e sua economia foi duramente impactada depois que a montadora local Studebaker encerrou as atividades na década de 60. O desemprego aumentou e, nas últimas décadas, a cidade perdeu 30 mil habitantes. Em 2011, a revista Newsweek incluiu South Bend na lista de “cidades americanas que estão morrendo”.

Buttigieg chegou à prefeitura com a promessa de fazer com que South Bend ressurgisse das cinzas. Ele escolheu o desenvolvimento urbano como a sua área prioritária e definiu a meta de demolir ou reformar mil casas vagas ou abandonadas em mil dias. Quando o dia chegou, 1.200 casas tinham sido atendidas no programa e 40% delas foram reformadas. Nesse período, a taxa de desemprego na cidade caiu. Passou de 11,8%, em 2011, para 4,1% em 2018.

“Nossa pequena cidade se tornou um exemplo de como o meio-oeste industrial pode desenvolver uma vida nova e melhor, não pela nostalgia ou por promessas impossíveis de retorno ao passado, mas pela insistência na ideia de que as mudanças trabalham em nosso favor”, disse ele em um discurso no começo do ano.

No discurso Buttigieg não mencionou seus planos de disputar a presidência, mas sua fala mostra uma tentativa de nacionalizar a história de South Bend e de conquistar eleitores na região e, especialmente, em seu estado. Indiana é considerado um reduto dos republicanos. Nos últimos 70 anos, apenas um candidato democrata conseguiu vencer as eleições presidenciais no estado. Foi Barack Obama, em 2008.

Desafios

As pesquisas mostram que Buttigieg parece caminhar na direção certa, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido até as primárias do partido Democrata em 2020, quando o candidato que disputará a presidência será escolhido.

O primeiro e mais importante desafio será ganhar reconhecimento nacional. Nesse ponto, uma arma poderosa são as redes sociais. Como todo millennial, Buttigieg é bastante ativo nas plataformas, bem como seu carismático marido, Chasten Buttigieg — junto dos cachorros do casal.

Recentemente, os dois participaram do programa de entrevistas The Ellen DeGeneres Show. No ar desde 2003, o programa é um dos mais populares da televisão americana e registra uma audiência média de 4 milhões de pessoas por episódio.

Perguntado pela apresentadora sobre a possibilidade de anunciar a pré-candidatura na TV, Buttigieg, às gargalhadas, tergiversou: “Esse anúncio é algo que você faz apenas uma vez e quero garantir que façamos direito. E não consigo pensar num lugar melhor que minha cidade natal, South Bend”. É justamente o local onde ele estará neste domingo, 14 de abril.

 

Exame Abril


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