O candidato pelo Partido Liberal Tusinino às eleições presidenciais de novembro defende a descriminalização da homossexualidade num país muçulmano bastante conservador.
Munir Baatur pode-se tornar no primeiro presidente abertamente gay de uma nação árabe. O advogado de 48 anos é um dos candidatos às eleições presidenciais da Tunísia que vão ter lugar em outubro, depois de ter reunido as 10 mil assinaturas necessárias.
A sua candidatura pelo Partido Liberal Tusinino tem ainda mais relevância num país que pune com três anos de prisão a homossexualidade. Só em 2018 foram presas 130 pessoas com base nesta lei discriminativa.
“A minha orientação sexual não é uma questão relevante. Aos outros candidatos não se fazem perguntas relacionadas com isso. Não me chateia que a comunicação o mencione, mas vejo-me como um simples candidato de um partido”, diz Munir Baatur ao jornal espanhol El País.
Munir Baatur vai a votos num país bastante muçulmano bastante conservador. Uma sondagem levada a cabo pela BBC apurou que apenas 7% dos tunisinos consideram a homossexualidade “aceitável”, uma percentagem bastante inferior à de outras nações muçulmanos como a Argélia (26%), Marrocos (21%) ou o Sudão (17%).
No seu programa, defende medidas como o combate à economia paralela e fuga ao fisco, cujo peso atinge entre 15% a 40% do PIB tunisino.
Na sua agenda, também estão medidas como a proteção à comunidade gay, como a abolição do artigo 230 que “criminaliza a homossexualidade”. Mais tarde, pretende despenalizar quaisquer sanções contra os homosexuais.
O também líder da organização de defesa dos direitos homossexuais Shams faz uma comparação entre a proibição da poligamia nos anos 50 com a despenalização da homossexualidade.
“A sociedade tunisina vai adaptar-se às mudanças, como fez então, quando uma maioria era conservadora e estava contra aquela mudança radical”, destaca Munir Baatur.